Imagem: Adam Martinakis
Volvidos quatro anos desde o
início do desmantelamento de uma rede que demorou mais de uma década a erguer,
consolidar e fortalecer. Num ápice, tudo ao chão. De nanossegundo em
nanossegundo, os Centros Novas Oportunidades fecharam as portas a quem os
procurava e neles via uma esperança renovada.
Recordo algumas palavras às quais
consegui dar vida bastante tempo depois…
Algures em agosto de 2012 assisti ao desfazer do trabalho. Os
adultos despediram-se depois da assinatura do “passaporte da transferência” e
levaram na mala o trabalho produzido e uma palavra de aconchego e incentivo.
Migraram para outra entidade, na incerteza se lá rematariam o processo.
Enchi-me de vazio, tal como as gavetas e os armários que foram despidos. O
telefone deixou de tocar.
Já se assistiu a tanto em tão pouco tempo que ler que estes centros “são
a peça central dos processos de educação e formação de adultos (...) até ao
final de 2017 o seu número subirá para 300 em Portugal continental” já não chega.
É preciso ver. Para crer!
Também já não chega ler que
segundo Tiago Brandão Rodrigues “este novo programa vai dirigir-se a todos os
que “não tiveram oportunidade de estudar no tempo mais natural, mas também
àqueles que, ainda sendo jovens, não conseguiram completar a escolaridade
obrigatória”.
Nada disso é novo. Nada disso acrescenta
algo ao que os Profissionais de EFA sabiam e aprenderam em contexto de trabalho
– o trabalho que lhes foi injustamente subtraído. Ninguém melhor do que quem
esteve no terreno e sentiu as dificuldades, cresceu com elas e se fez hábil em
dar respostas aos adultos (chegando a eles, mobilizando-os e encorajando-os) para
poder falar sobre o tema.
Não são apenas os Centros que
faltam ou os profissionais ou os cursos EFA ou… o que falta, efetivamente, é
uma política de Educação e Formação de Adultos, devidamente protegida pela Lei
de Bases do Sistema Educativo, que tenha mais força do que qualquer cor
partidária.
Venham de lá as velhas “Novas
Oportunidades”. Que as gavetas e os armários voltem a encher de portefólios e de
atas de reuniões de equipa e de júris, mas também daquela vida e daquele alento
de que eram feitas até 2012. E que o telefone volte a tocar com a mesma garra e
o mesmo crédito por quem deixou de confiar na EFA – muitos adultos.
Fonte: Público
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