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terça-feira, 5 de junho de 2012

Resiliências



Depois de Emmy Werner, a resiliência passou a ser percebida como uma virtude: a capacidade de se desenvolver com sucesso em ambientes potencialmente adversos, a capacidade de recuperar a forma original depois de ter passado por condições muito adversas. A resiliência permite-nos resistir (aguentar a barra) e ainda tirar proveito dos obstáculos encontrados, usando-os. 
O termo vem do latim: resilire (rĕsilio, silire, silui), que significa saltar de novo, ricochetear. Trata-se portanto de recomeçar, não no mesmo lugar, mas saltar um pouco ao lado para continuar a avançar. 
Resilir também significa libertar-se de qualquer coisa. Depois da ferida, o ser humano resiste e cresce, sem fixar o seu olhar na ferida, mas fazendo, dessa ferida, força para um desenvolvimento ainda mais significativo.
"Uma nova consciência começa a surgir: o homem,confrontado de todos os lados com as incertezas, é levado numa nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos numa época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo está ligado".
Edgar Morin (1921-)pensador francês.
Há, na história da humanidade, catástrofes e destruições, dilúvios e migrações, terramotos e incêndios, ressaltos e obstáculos, ameaças e tormentos, opressões e guerras, guetos e escravaturas, colonialismos e apartheids, fascismos e ditaduras, conflitos e rebeliões, revoluções sangrentas e cabeças cortadas, perseguições e impiedades, extermínios e genocídios, prisões e execuções sumárias, injustiças e demagogias, mentiras e falsas promessas, ambivalências e incertezas...


Há, na natureza, pano de fundo da história da humanidade, exemplos extraordinários de resiliência, que nos surpreendem, porque percebemos que são o resultado da projeção de sinergias heroicamente mobilizadas, depois de terem sido sujeitas às mesmas catástrofes, destruições, dilúvios, migrações...

De igual modo, os Homens e as Mulheres têm, no seu património genético, as mesmas energias criadoras e são portadores de sementes de força, convicção, confiança, respeito, pertença, colaboração criativa, adaptabilidade e desenvolvimento. Para além da adenina, guanina, timina, citosina e uracila, estes Homens e estas Mulheres também são compostos de amor pela vida e pelos seus valores. 



segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Compasso de espera...



Estamos a viver uma época estranha.


Aproxima-se o Outono (os ingleses dizem: "Fall") e com ele, inevitavelmente, alterações na atmosfera e no ambiente que nos circunda. É uma estação que aprecio, devido ao meu gosto cro-maatico (Maat era, no Egipto, a deusa da Verdade), com as folhas a tapetar o chão, numa morte enigmática e magnífica, a preparar-se para um novo ciclo de existência. Neste princípio do fim outonal, há um não sei quê de aperfeiçoamento que nos desembaraça do que não podia continuar a existir. Algumas árvores parecem claramente expressar o alívio de se verem sem os apêndices decrépitos e ganham algum alento; outras parecem chorar, regando raizes com as folhas secas, como se de lágrimas de pétalas se tratasse, desesperando por ver partir partes de si, em quebra violenta de equilíbrio. No entanto, sabem que o acontecimento é apenas uma parte de um processo cíclico de evolução e crescimento. É nesse estado que nos encontramos também quando há alterações no ambiente social que nos circunda.


Algumas das Equipas Técnico-pedagógicas dos Centros Novas Oportunidades ainda se encontram em fase de ocaso, contrariando a desejável e ecológica rentabilização da formação e experiência destes formadores... Há escolas que estão a ver edifícios a ruir porque vão entrar em obras... Outras organizações esperam, num bater cardíaco compassado, por resultados eleitorais...


Podemos, entretanto, aproveitar o intervalo do movimento para nos aproximarmos do essencial. No silêncio ínfimo que se faz ouvir entre a sístole e a diástole, existe um ponto universal de convergência, de onde surgem as ideias geniais. A vida é maior que um compasso de espera.