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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Conversa sobre o livro "Sociedade sem Escola"


Será possível “descolarizar a sociedade” e viver numa “sociedade sem Escolas”? 

A partir do pensamento de Ivan Illich pretende-se perceber quais são os problemas que a escola enfrentou e enfrenta, as oportunidades e os constrangimentos do sistema educativo, bem como das ações desenvolvidas no âmbito das modalidades de educação não formal e informal. É intuito, ainda, traçar um olhar sobre as propostas educativas de Illich que, de certo modo, se relacionam com as políticas e medidas para a Educação de Adultos e para a Aprendizagem ao Longo (e em todos os espaços) da Vida.

Este debate, que contará com o contributo de Rui Canário e com a colaboração de Ana Catarina Lopes, tem entrada livre e ocorrerá no próximo sábado, dia 21, a partir das 10h, na Casa dos Açores, em Lisboa.

Mais informações: APCEP

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

E hoje, ainda será assim?...

"Não podemos negar que a escola não deu aos seus alunos todas as possibilidades que lhes devia dar, desprezou os mal-dotados, obrigou-os a actos ou tarefas que lhes depuseram na alma as primeiras sementes do despeito ou da revolta, lhes deu, pelo quase exclusivo cuidado que votou ao saber, deixando na sombra o que é o mais importante - formação do carácter e desenvolvimento da inteligência -, todas as condições para virem a ser o que são agora; se não saíram da escola com amor à escola, a culpa não é deles, mas da escola. Acresce ainda que, lançados na vida, a escola nunca mais procurou atraí-los, nunca mais foi ao encontro dos seus antigos alunos, para lhes aumentar a cultura, os informar e esclarecer sobre novas orientações de espírito, para lhes pedir a sua colaboração, o seu interesse na educação das gerações mais moças. Houve um corte de relações, quando a sua manutenção poderia ainda de algum modo apagar as más lembranças que os alunos levavam. Que admira que sintamos agora à nossa volta paixão e rancor? Tivemo-los nas nossas mãos e não fizemos por eles tudo quanto podíamos, mesmo com as possibilidades económicas e pedagógicas de que nos cercara o meio; em nós temos de reconhecer o principal defeito; por consequência, também em nós a principal causa do ataque."

Agostinho da Silva, in Glossas

sexta-feira, 12 de junho de 2009

domingo, 26 de outubro de 2008

E quando não estamos em meio Urbano?

Tenho assistido a vários júris de validação em áreas do "interior" do país. É, sem dúvida nesse espaço que o "regresso" à escola é encarado como solução ou esperança e ao mesmo tempo, onde as soluções originais nascem como forma de promover uma efectiva mudança de expectativas. Relembro um texto que li:

«As perspectivas de desenvolvimento do «interior», pensadas a partir do centro, equivalem, frequentemente, a encarar as zonas rurais como «desertos» de ideias, de realizações, de projectos, de instituições. Uma atitude mais atenta permite, no entanto, desmentir este preconceito. Nos vários domínios da vida social, económica, cultural e, nomeadamente no campo educativo, as zonas rurais do interior constituem reservatórios de criatividade, onde múltiplas experiências, extremamente interessantes, podem ter um papel prospectivo fundamental. (...)

Com base neste quadro geral da situação, pode sustentar-se que a educação de adultos constitui, sem dúvida, uma aposta educativa estratégica, numa óptica de promoção do desenvolvimento das zonas rurais do interior, com duas condições. A primeira é a de orientar a política de educação de adultos no sentido de a articular com a educação das crianças e dos jovens, contribuindo para pôr de pé políticas educativas integradas, numa perspectiva de educação permanente.

A segunda condição é a de encarar, numa perspectiva larga, a tarefa da alfabetização, articulando-a com a construção de uma consciência cívica e com a dinâmica de processos de desenvolvimento local. É na medida em que a educação de adultos possa permitir às pessoas um acréscimo de lucidez para «ler o mundo» que se criam as condições para a emergência da cultura de desenvolvimento a que atrás nos referimos.»

Fonte: Educação e perspectivas de desenvolvimento do «Interior»; Rui Canário

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Magalhães: Só um portátil?

Vale a pena uma visita a este espaço.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A Escola em Abril

«Meu pensamento
partiu no vento
podem prendê-lo
matá-lo não!»

Canta Adriano Correia de Oliveira

Um aluno com 14/15 anos pára diante de um cartaz com um fundo vermelho e umas letras a negro. «25 de Abril, Sempre!». Pára para ver se entende que turma terá desenhado aquele cartaz. Vê que é uma exposição. Sala 23. Passa, sem parar, para o pateio onde se fala do jogo de Futsal que irá ter lugar no pavilhão de ginástica lá mais para o fim do dia.

Quando passava pelo cartaz, do lado oposto, um grupo de professores colavam mais cartazes sobre o Dia da Liberdade. Entre fita cola, papel e algum jeito para nivelar o cartaz, falava-se de como era no tempo em que não se podia falar, naquela mesma escola, sobre a Liberdade.

Estes dois mundos não se cruzaram na escola. O aluno foi à exposição porque tinha que ir. Os professores queriam ver nos olhos dos alunos a força, o gosto, o anseio de saber mais que outrora tiveram.

Eu, com a distância que me permite estar só de passagem naquele corredor, penso comigo que a escola de hoje esqueceu Abril. Não o dia. A essência.

Dirá o leitor que hoje a escola é livre. Que hoje, na escola, já não se ensina o pensamento único. Que já não se transmite o culto e a imagem de um Estado que queria ser Novo. De um líder que queria ser eterno. Dir-me-á o leitor, que a escola de hoje é democrática. Que todos têm acesso à escola e nela podem entrar. Dir-me-á que hoje, as condições materiais são muito melhores. Que hoje, as sala de aula estão cheias de tecnologia e de democracia no acesso à leitura, ao conhecimento, ao saber, à aprendizagem.

È aqui, caro(a) leitor(a) que digo que a escola esqueceu Abril. É agora que elevo a minha palavra, como Adriano Correia de Oliveira, que cito, e falo do pensamento.

O aluno que passa pelo cartaz e não o entende. A visita à exposição que não o motiva, tudo parte, essencialmente, da falta da maior liberdade de todas. O Entendimento. Para entender o mundo é preciso saber. É preciso estudar. É preciso aprender. É preciso pensar.

A escola hoje esqueceu esse Abril. Aquele que queria o pensamento livre, rico, pleno, completo. Aquele que queria uma escola democrática mas onde o conhecimento fosse rei e senhor como cantava Ary dos Santos.

É preciso viver Abril na escola. Libertar aqueles que passam sem pensar, sem aprender, sem saber. Só sabendo, só ensinando, só dando conhecimentos a tantos alunos que hoje reconhecem a escola só como lugar de passagem se pode, efectivamente, cumprir a Escola de Abril, libertando o pensamento do carrasco da ignorância.

Publicado pelo autor no Jornal Trevim.