Sessão pública da apresentação do eixo Qualificar os Portugueses, no âmbito do Programa Nacional de Reformas
Na manhã do dia 18 de abril, no Auditório
do Conservatório de Música de Coimbra, decorreu a sessão pública da
apresentação do eixo Qualificar os Portugueses, que contou com a intervenção de
Pedro Cunha (Subdiretor Geral da Direção Geral de Educação), Ana Cláudia
Valente (investigadora do CEPCEP e CESOP da Universidade Católica Portuguesa) e
dos Senhores Ministros Tiago Brandão Rodrigues e José António Vieira da Silva.
Sendo a sessão realizada num
espaço dedicado à música, foi precisamente com um momento musical que se deu
início à mesma, podendo os presentes deliciarem-se com a delicadeza que uma
harpa proporciona.
Intervenção
de Pedro Cunha
(Subdiretor Geral da Direção Geral de Educação)
“Do (in)sucesso escolar ao sucesso educativo: três desafios para a
qualificação dos portugueses” foi o título da intervenção de Pedro Cunha. Sendo
esses desafios o acesso, a qualidade e a relevância, foram sublinhadas as
diferenças entre a escolarização e a educação em torno de cada um. Este último
processo, sendo mais abrangente, apela para a aprendizagem ao longo da vida
(acesso), à construção de um processo aberto e à inclusão (qualidade) e à
preparação para a mudança e para papéis distintos desempenhados na sociedade
(relevância). No seguimento, e de modo a explorar com maior detalhe cada
desafio:
- Em relação ao acesso propõe-se a universalização da educação pré-escolar e a oferta de dupla certificação;
- Quanto à qualidade, sublinhou-se o programa de promoção do sucesso escolar, a inovação pedagógica e os recursos e competências digitais
- Por fim, no que concerne à relevância, atribui-se especial ênfase à promoção de competências transversais.
Intervenção de Ana
Cláudia Valente
(investigadora do CEPCEP e CESOP da Universidade Católica
Portuguesa)
A segunda intervenção, intitulada
“Aprendizagem ao longo da vida (ALV),
qualificação dos adultos e mercado de trabalho” veio reforçar a importância
do investimento da formação e da qualificação, apesar de os números dos últimos
anos evidenciarem o aumento do desemprego (incluindo o desemprego qualificado).
Efetivamente, e de acordo com estudos realizados pela investigadora, são notórias
as vantagens dos cidadãos mais qualificados no mercado de trabalho, identificando-se
a idade a e escolaridade como os fatores que mais contribuem para explicar a
participação em ALV.
Persistem, porém, necessidades
evidentes ao nível da literacia dos adultos, no que respeita ao seu envolvimento
em atividades de ALV, registando-se ainda problemas ao nível da sub e da
sobrequalificação (Portugal apresenta cerca de 20% de pessoas sobrequalificadas
para as funções que realizam).
Intervenção de Tiago Brandão Rodrigues
(Ministro da Educação)
Tiago Brandão Rodrigues, Ministro
da Educação, apresentou as linhas orientadoras do Programa Nacional de
Reformas, identificando os seus pilares estratégicos:
- Qualificar os portugueses;
- Promover a inovação na economia;
- Valorizar o território;
- Modernizar o Estado;
- Capitalizar as empresas;
- Reforçar a coesão e a igualdade social.
Dado o objeto da presente sessão,
incidiu-se apenas no primeiro ponto, com destaque para os jovens. Foram, assim, apresentados os objetivos do programa
(promover o sucesso escolar em todos os níveis de ensino, combater o abandono
escolar, generalizar o ensino secundário e promover a inovação do sistema
educativo), bem como as principais medidas a adotar:
- Universalização da educação pré-escolar a partir dos 3 anos;
- Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar;
- Desenvolvimento da educação e formação profissional (promovendo o aumento da atratividade do ensino profissional, desenvolvendo um programa de ações de informação, criando um sistema integrado de orientação ao longo da vida e implementando Sistemas de Garantia da Qualidade);
- Progressiva gratuitidade dos manuais escolares e reforço da ação social escolar no ensino básico e no ensino secundário;
- Educação a tempo inteiro (através da dinamização de atividades de enriquecimento curricular);
- Programa de literacia familiar;
- Modernização do sistema de ensino e dos modelos e instrumentos de aprendizagem.
Intervenção de José António Vieira da Silva
(Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social)
A última intervenção, a cargo do
Senhor Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António
Vieira da Silva, intitulada “Qualificar
os Portugueses”, incidiu no eixo dos adultos
e nas linhas orientadoras do programa em função deste segmento da população.
Partiu-se de um breve diagnóstico através do qual se identificaram quatro
fraturas na sociedade portuguesa: geracional (défice na qualificação da
população portuguesa, acentuando-se um atraso estrutural em relação à UE); emigração
elevada (cada vez mais qualificada); entre os jovens (com destaque para os NEET);
desigualdades/segmentação.
Nesta conjuntura, o Senhor
Ministro Vieira da Silva referiu sublinhou a importância de se relançar a
qualificação de adultos como prioridade do país, através de uma tripla
integração:
- Meios e atores institucionais (coordenação e cooperação entre as duas áreas ministeriais e entre entidades públicas e diversos parceiros sociais);
- Resposta(s);
- Rede na ótica do utente (coerência na oferta de educação e formação e construção de percursos de formação personalizados).
Com vista à promoção de respostas
eficazes e adequadas ao público-alvo, o Governo almeja o reforço e o
alargamento da rede dos atuais CQEP (de 238 centros existentes para 300 em
2017), apostando-se ainda no reforço das equipas e no aumento dos níveis de
atividade. O cenário atual é marcado por uma desarticulação de respostas e por
processos de sinalização, orientação e encaminhamento deficitários; visando
contrariar estes dados, é objetivo criar uma malha coerente e unificada de
centros “Qualifica” e pontos de acesso para informação e orientação para
respostas.
No sentido de aprofundar a
utilização de tecnologias, o Governo visa ainda desenvolver um guia interativo
de recursos e estimular a educação e formação à distância.
Porque estas respostas passam por
equipas estruturadas e qualificadas para tal, foi também anunciada a urgência
de melhorar a qualidade da rede de operadores, com especial aposta na formação
contínua de professores, de formadores e de técnicos especializados.
Numa lógica de inclusão social, com
o Programa Qualifica visa-se definir uma estratégia integrada neste domínio,
com certificação de competências formais e informais, bem como elaborar um
plano individual de ALV para pessoas com deficiência severa em regime de
institucionalização ou semi-institucionalização.
No término da intervenção, os
CQEP e os processos de RVCC mereceram especial destaque, sendo intuito de ambos
os Ministérios, dignificar o RVCC profissional: apostando na sua qualidade,
integrando o RVCC profissional numa dinâmica de percurso formativo, favorecendo
a integração de formandos provenientes de processos de RVCC profissional nas
formações modulares e distinguindo centros de referência no domínio do RVCC
profissional.
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Em suma… estamos perante um
programa ambicioso. Como os que o precedem e que funcionaram como botijas de
oxigénio transformado em esperança diluída. E depois de 2017? De 2020?
Para quando a criação de um
quadro sólido de Educação e Formação de Adultos em Portugal? Esta área nunca
foi sistematicamente considerada como uma dimensão integrante do sistema
educativo, mas encarada como uma parte que se pode ligar ou separar dele e,
(também) por isso, tem sido dominada por permanentes tensões. Apesar de ser
possível de cada tensão extrair uma possibilidade e uma oportunidade, na
realidade a contaminação ideológica e política obriga a um consumo redobrado de
esforços que a estabilização das políticas públicas de educação e formação de
adultos poderia evitar – assim, preservar-se-iam e capitalizar-se-iam esses
esforços para tarefas realmente importantes… mais importantes do que o vento
que sopra de acordo com o partido que se encontra no poder.
2 comentários:
Trabalhei como Profissional de RVC e nunca mais consegui trabalho desde que encerraram os CNO (idade + habilitações académicas de nível sup.+ filhos pequenos são uma combinatória complicada para quem procura trabalho).
Espero sinceramente que haja a possibilidade de trabalhar novamente na área da educação de adultos, pois para mim foi bem mais que um trabalho que me proporcionava um ordenado ao fim do mês. Acreditei e acredito ainda no bom trabalho que todos desempenhamos nos CNO e na importância do mesmo!
Boa notícia da parte do Governo.
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