terça-feira, 19 de março de 2013

QUEREMOS TRABALHAR

(Este texto faz parte do Relatório de Atividades 2012 do CNO D. Inês de Castro, no capítulo Reflexão Final.)

O Centro Novas Oportunidades D. Inês de Castro de Alcobaça fechou as portas no dia 31 de janeiro de 2013. Este será, portanto, o último relatório de atividades apresentado. Fica uma estranha sensação de esvaziamento que resulta do que aconteceu, de facto, ao longo do ano de 2012. 

Primeiro, iríamos organizar-nos para 8 meses de trabalho. Depois, soubemos que poderíamos continuar até dezembro, se houvesse verba disponível no financiamento aprovado de janeiro a agosto, mas sem formadores. E, ainda assim, estas “informações” chegaram ao jeito de trends, que procurámos confirmar junto de parceiros de função, pois havia, sobretudo, um grande vazio de informação. 
Mantivemos o barco a navegar até chegar à costa, atordoados com o silêncio ensurdecedor que nos rodeava. 

E aqui estamos agora, ancorados ao futuro, com amarras do passado. 

Ora falemos desse passado: 
Foi um tempo essencialmente de ganhos, obtidos sobretudo na relação com o outro. Aqui, entenda-se “outro” como adulto ou colega, formador ou técnico, diretor de CNO e/ou de Escola, ou dirigente da ANQ / ANQEP. Essa relação trouxe-nos mais-valias de todo o tipo: crescimento interior, descobertas científico-pedagógicas, evolução das organizações, benchmarking e partilha; formámos gente e recebemos, em retorno, a convicção de o estarmos a fazer bem. Certificámos com a garantia de qualidade conferida por avaliações externas e autoavaliações internas permanentes. 
Foi um tempo de excelência, já reconhecido internacionalmente, embora, por razões assumidamente ocultas, ainda esteja no estado “em reconhecimento”, em Portugal. Cultivámos a paixão pela Educação e Formação de Adultos, nas suas diversas modalidades, aprimorando, em cada experiência havida, o desenvolvimento da atividade seguinte. O trabalho desenvolvido no nosso Centro Novas Oportunidades, e na maior parte dos CNO deste país, ficará na memória de quem o conheceu de perto, como uma mais-valia inquestionável. Tão valiosa é essa memória do passado que com dificuldade se projeta no futuro. 

Ora falemos desse futuro: 
Um novo paradigma parece estar a projetar-se daqui para a frente. Ainda envoltos em névoa densa, mas cheios de promessas primaveris, ouvem-se arautos da mudança a anunciar outros caminhos. “Promessas, leva-os o vento” e Eolo, disfarçado de decisor político e financeiro, anda a espreitar em cada esquina da nossa organização social e económica. Sentimos que devemos estar atentos, para não perdermos “novas viagens”, mas até mesmo a esperança que haja “novas partidas” desvanece, com as cruéis voltas do tempo, em dias, semanas e meses, feitos de poeira seca neste deserto de conjunturas, desgastando os mais valorosos. 

Mas a paixão está viva e precisa de expressar-se. Dêem-nos telas, que as pintaremos com as cores do crescimento. Dêem-nos a pedra e dela libertaremos o Prometeu que se esconde em cada um. Dêem-nos violinos e seremos os maestros das sinfonias identitárias e coletivas. Dêem-nos as penas para escrever, que invocaremos as musas do Olimpo e de outros Céus, ainda por descobrir, e com elas cantaremos, formando em toda a parte, se a tanto nos ajudar o engenho e a arte… 
Venham as artes e os ofícios, os palcos, feiras e museus, venham escolas e alunos, empresas, centros e comunidades, venha tudo o que está por fazer e venham todos os que querem meter mãos à obra! 

Queremos trabalhar! 
 

Sem comentários: