E as ondas do mar não cessam o
movimento. Podem abrandar num ponto, vazando a maré; mas, ao mesmo tempo, do
outro lado, a turbulência manifesta-se e a água galga passeios e estradas sem
qualquer pedido de autorização.
"Banco de areia", Pedrógão, 2010
O movimento é permanente e os ventos
fustigam as velas que (quantas vezes?!) carecem de reparação. O enrodilhado das
nuvens que se transformam em tempestades marítimas confundem os instrumentos que
deixam de estar devidamente calibrados e trocam os pontos cardeais.
Quando passam as rajadas de
vento, as chuvas fortes (dilúvio, por vezes!) e as nuvens medonhas resta um céu
mais límpido e um extenso manto de água que, ao fundo, se dilui onde começa a
linha celeste transmitindo – mesmo que temporariamente – uma sensação de paz e
leveza. Apenas o tempo necessário para apetrechar o organismo e a mente com
mais defesas capazes de fazer face a outra situação inquietante. A resiliência
é imperiosa perante condições atmosféricas adversas.
E o barco continua a sua
trajetória, auxiliado, quando se aproxima da zona costeira, pela luz dos faróis
que, das suas quatro dezenas de metros de altura, com o seu alcance de
cerca de 30 milhas náuticas e um foco luminoso com potência de 1000 W, lançam o
seu alerta: “aqui há terra!”.
Lâmpadas do Farol do Penedo da Saudade, 2012
E, em terra, nem sempre as redes
trazem o produto esperado. Ou porque a agitação das águas não permitiu, ou
porque as espécies conseguiram desviar-se a tempo dos fios ao avistarem, ao
longe, as boias, ou porque… mas nem assim os pescadores da vida desistem e, com
mestria, paciência e sapiência, persistem!
São Pedro de Moel, 2010
Sou um destes pescadores, apesar de ter visto atracar o barco em que seguia desde 2008. Compete-me agora reunir munições para, assim que possível, voltar a viajar em alto mar.
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