Fora, um pouco do espírito/temática deste blog (ou não) deixo uma reflexão.
"Nos últimos tempos a comunicação social divulgou um registo de uma conversa de uma professora com os seus alunos. Numa sala, uma voz em jeito de grito e uma ou duas frases ditas em tom autoritário e desajeitado (na forma, conteúdo e razão) deixavam uma ideia controversa sobre o que se havia passado. Falou-se de falar em Educação Sexual, de desrespeito, da ausência de moderação na linguagem e de muito mais coisas que qualquer pessoa diz sobre um discurso proferido daquela forma. Pior ainda a atitude programada de quem gravou a aula sem autorização recriando o pior, do que já nos esquecemos, de tempo de um estado mais "novo" do que este...
Não me compete, neste espaço, julgar o que se passou. Muito menos tecer qualquer comentário sobre o conteúdo, forma ou razão da dita conversa com os alunos. Mas quero deixar uma reflexão.
Falamos, nós professores, no respeito pela função que exercemos. Falamos muitas vezes na autoridade que falta. Reitero um pensamento que me acompanha quando entre e saio dos portões de uma escola ou de qualquer local onde o saber deve ocupar lugar. Eu sou professor em todos os momentos, mesmo quando não estou a dar uma aula, mesmo que aqueles não sejam os meus alunos, nem aquela a minha escola ou o meu local de trabalho. Quantos de nós, olhámos para os nossos professores, mestres, aqueles que nos ensinaram, como exemplos a seguir? E ao olhar, não olhávamos só para o momento em que nos estavam a ensinar entre quatro paredes. Olhávamos para cada instante e cada situação. Cada justiça ou injustiça. Julgávamos cada palavra ou atitude.
Ser professor é um exercício de cidadania activa. De ensino pelo exemplo nas atitudes, nos gestos e nos modos.
Não é por via de uma legislação, de um estatuto ou de uma regulamentação que se dá exemplos. É por via dos actos, diários, do contacto diário com os alunos, na forma como com eles comunicamos, na forma como transferimos o que somos e o que eles podem ser que conseguimos esse respeito que tanto desejamos.
Para além deste ensino pelo exemplo, há que valorizar outro respeito tanto ou mais importante. Falo do respeito dos alunos e dos professores pela aprendizagem. Anos e anos a fio a balança andou por um lado ou pelo outro. Pendendo para o lado da autoridade sem fundamento do professor. Pendendo, como está agora, para o lado do aluno sem razão lógica. Resta recentrar a balança naquilo que foi esquecido: a aprendizagem. E com a procura de ganhar esse respeito pela aprendizagem, pelo conhecimento e pelo saber podemos ganhar, de novo, a escola como lugar de excelência para o futuro."
Do autor do blog, a publicar.
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