Existe, em Portugal, uma meta política. Qualificar, até 2010, um milhão de portugueses. Esta meta, definida politicamente representa um dos maiores desafios que o sistema educativo enfrenta actualmente. Qualificar adultos, activos empregados ou desempregados e mudar o panorama da escolaridade em Portugal.
Os Centros Novas Oportunidades e o Processo RVCC, assim como a revitalização dos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) foram desenhados para dar resposta a esse objectivo. A pergunta que colocamos é: e esta é uma estratégia de qualificação da população?
Existem hoje, inscritos nos Centros Novas Oportunidades, cerca de 360.000 pessoas que procuram concluir a equivalência ao 9.º ou 12..º ano. Ou seja, 360.000 pessoas que queriam voltar à escola e não tiveram oportunidades sem ser o RVCC. São 360.000 pessoas que queriam uma opção flexível, adaptada à sua história de vida passada, presente e futura. São 360.000 pessoas que precisavam de concluir estudos iniciados, inacabados ou quase concluídos.
E agora terminam. E chega? Podemos chamar a isto qualificar?
A minha resposta, pela experiência de Avaliação Externa no processo RVCC é: não. E porquê? A resposta é simples. Em breve a escolaridade obrigatória passará para os 12 anos. O problema que tinha quem conclui o 6.º ano quando esta era a escolaridade obrigatória será o mesmo de quem hoje conclui a equivalência ao 9.º ano, a curto prazo. E quem acaba o Ensino Secundário, terá o mesmo problema, mas por via da certificação profissional que o Catálogo Nacional para as Qualificação começa a impor. Hoje, cabeleireiros, electricistas, taxista e demais profissões já são obrigados a obter uma carteira e certificado profissional.
A concorrência dos jovens, vindos de cursos profissionais, qualificados em áreas em que a experiência não chega, ajudam a elevar o problema…
Então, como solucionar esta realidade e efectivamente qualificar quem hoje se inscreve nas novas oportunidades?
A resposta está dentro dos Centros Novas Oportunidades. É destes centros e dos seus profissionais, com um boa orientação e plano de formação que os candidatos a certificação podem transformar-se em profissionais qualificados ou com uma escolarização efectiva qualificada.
Hoje os Centros Novas Oportunidades devem ser, acima de tudo, centros de atendimento e orientação. Com um vasto leque de opções (desde o RVCC, ao EFA, à Certificação Profissional, às formações modulares) o candidato à qualificação pode efectivamente ver melhorada a sua situação perante a sociedade e o seu emprego.
Só assim, efectivamente, falamos de qualificação. Esperemos ser este o caminho a seguir pelos Centros Novas Oportunidades, a bem de quem a eles recorre, a bem da Iniciativa Novas Oportunidades, a bem do rigor e qualidade do trabalho efectuado e do reconhecimento social do mesmo e também, a bem da localidade, região e do país.
Do autor publicado no Jornal Trevim.
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