sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Passado, presente... e Futuro?

A Educação de Adultos desenvolveu-se, na Europa Ocidental, sobretudo a partir do último quartel do século XIX, processo que se acentuou a partir da II Guerra Mundial, após o surgimento da UNESCO (Belchior, 1990).
Recuperar a harmonia a nível planetário era uma preocupação nuclear e em torno da qual gravitavam os esforços. Os princípios da, então, Educação de Adultos, norteavam-se pela procura de um estado de equilíbrio perdido.
A educação, segundo uma visão tradicional, divide-se em diferentes sectores, em função da idade dos alunos e do nível de escolaridade (Jarvis, 2001), sendo o professor a figura que lhes transmite informações. A Educação de Adultos ficou, durante muito tempo, do outro lado deste enquadramento institucional (ibidem).
Durante as décadas de 60 e 70, foi encarada como compensatória, pois tinha como destinatários adultos que não tiveram a possibilidade de aprender no tempo adequado.
Mas, porque se revelava fundamental acompanhar as rápidas mudanças do conhecimento (Jarvis, 2001), a Educação de Adultos sentiu necessidade de se adaptar às novas exigências, tendo-se transformado numa educação continuada; portanto, ao longo da vida.

A adesão de Portugal à CEE, em 1985, e a consequente abertura de fronteiras, colocou o nosso país em contacto directo com grande parte da Europa, deixando transparecer uma noção concreta do seu atraso relativamente aos restantes países; assim, as duas últimas décadas do século XX foram passadas a tentar diminuir essa distância (Oliveira, 2005).
Isso prova que a questão dos números não é recente. Somos feitos de números. Somos comparados com os números dos outros países. Vivemos de números. Contudo, somos Seres Humanos! Pessoas!

Após a 5.ª Conferência Internacional da UNESCO (subordinada ao tema “Educação das pessoas adultas e os desafios do século XXI”), Portugal também se mobilizou no sentido de definir políticas de actuação prática. Foi criado o Grupo de Missão para o Desenvolvimento da Educação e Formação de Adultos que estaria na origem da conceptualização de uma nova estratégia de educação e formação de adultos assente em competências-chave e num dispositivo de reconhecimento, validação e certificação de competências adquiridas ao longo da vida (Cabete, 2006). Este Grupo seria, ainda, o embrião da ANEFA. Estavam a começar a definir-se, em Portugal, os contornos do Sistema Nacional de RVCC. Uma realidade já conhecida e consolidada noutros países europeus.
Fomos um povo pioneiro e cheio de brio na época dos Descobrimentos; agora, com mais frequência limitamo-nos a descobrir e a implementar o que os outros já descobriram e implementaram... Será que o atraso de Portugal se limita apenas aos números? Ou passa também pelas ideias e pelos ideais?

Relativamente ao papel da Universidade, já em 1988 Gomes afirmava e questionava: é legítimo e imperioso pensar que as Universidades (dos 12 parceiros) terão que melhorar para estarem à altura do “Ideal Europeu”... mas “que tempo ou que tempos iremos nós viver daqui a dez anos, daqui a vinte ou trinta anos?”. E, já nessa altura, considerava que a Universidade do futuro deveria continuar a assumir três grandes objectivos:
- transmissão do saber;
- investigação científica;
- serviço à Comunidade.
“Mas terá de realizar esses objectivos de uma «maneira» diferente do que o tem feito até agora. Qual será essa «maneira»? Não o sabemos, pois se o soubéssemos, já o faríamos no presente” (Gomes, 1988).

Passaram 20 anos... O que foi feito e construído desde então? A que mudanças efectivas assistimos? A teoria já não é suficiente; é um alicerce, um pilar, mas não rege, por si só, a realidade. A prática, ao longo destes anos, foi causa e consequência de rupturas de paradigmas.
Que mudanças reais pretendemos nós operar agora e daqui em diante??

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