Ao analisar o conjunto de histórias de vida que nos últimos anos tenho acompanho, como Avaliador Externo, penso que a vontade de “regresso” à escola, tantas vezes desejado e tantas vezes adiado, surge inevitavelmente ligado ao processo de RVCC como o cumprimento de uma meta, tantas e tantas vezes, mais pessoal do que social ou profissional.
Tenho por hábito neste dia partilhar as sessões de júri em que estive presente. Hoje farei algo diferente. Partilharei duas reflexões.
O Sr. Manuel foi adulto que frequentou o processo de RVCC do Centro Novas Oportunidades do Agrupamento de Escolas de Ansião. O Sr. Manuel tinha uma história de vida que passava por muitos anos em França, como muitos outros. A sua história foi contada em imagens, com orgulho e com brio. O seu anseio de contar e mostrar o que havia construído, de casas a hospitais, de rotundas a um cachimbo gigante, tudo servia para mostrar o imenso desejo de cumprir o sonho de “não morrer com a 4ª classe”. A sua vontade de aprender mais era um exemplo para muitos outros. O seu “regresso” à escola foi o cumprir de uma meta traçada há muitos anos.
“Vou aqui fazer a apresentação como se fosse para a disciplina que deixei em atraso há 30 anos”. E começou a sua apresentação sobre contabilidade da associação a que fazia parte como tesoureiro. O adulto que frequentou o processo de RVCC no Centro Novas Oportunidades da Escola Secundária da Mealhada, só queria essa oportunidade. A de concluir aquela apresentação como se fosse para as disciplinas de Contabilidade, Matemática e Francês que ficaram por fazer no Curso Geral de Administração e Comércio que havia abandonado naquela mesma escola há muitos anos atrás.
Não podia deixar de partilhar estas histórias, deixando uma palavra de reconhecimento às equipas pelo trabalho que fazem na recuperação destes caminhos interrompidos, assim como, a cada um dos adultos que termina o seu processo de RVCC. Parabéns a todos!
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