terça-feira, 19 de maio de 2009

A Aprendizagem Autodirigida.

«Para Long (1992b) a aprendizagem autodirigida é um processo cognitivo "que está dependente de comportamentos meta-cognitivos como atenção, comparação, interrogação, contraste, etc. que são controlados e dirigidos pessoalmente pelo aprendente com pouca ou nenhuma supervisão externa" (p.12). Para o autor é no aprendente que se desenrola todo o processo de aprendizagem. Tremblay e Theil (1991), consideram que os aprendentes aprendem por eles próprios, "no sentido em que aprendizagem = processo interno".

Brookfield (1984) entende que a aprendizagem "tem lugar ‘dentro do aprendente’ não na escola, e é o resultado da capacidade do aprendente que não está necessariamente dependente de uma série de interacções fixas cara a cara.". Para este autor, o resultado da aprendizagem é a mudança interna da consciência do aprendente, ou seja, a aquisição de novos conhecimentos, capacidades, comportamentos ou competências. Mas para a alteração da consciência psicológica (envolvendo essencialmente a alteração dos pressupostos do indivíduo acerca do mundo e acerca de si próprio) é necessária a interacção com os outros que são fonte de visões e perspectivas alternativas. Assim, se o resultado da aprendizagem é a mudança interna da consciência psicológica do aprendente, o que é facto é que esta mudança só se verifica após o aprendente ter partilhado e interagido com os outros: desta forma, é na inter-relação que os verdadeiros significados são alcançados.

Para Mezirow (1991) a dimensão crucial na aprendizagem dos adultos envolve o processo de justificação e validação de ideias comunicadas, e de pressupostos das aprendizagens anteriores. Estes pressupostos, assimilados na maioria das vezes de forma não crítica, podem distorcer os nossos modos de conhecer. A reflexão envolve a análise crítica destes pressupostos. A aprendizagem reflectiva torna-se transformativa quando os pressupostos, ou premissas, são vistos como distorcidos, incorrectos, e inválidos. A aprendizagem transformativa resulta num esquema de sentido novo, ou transformado. Contudo, como já foi referido, a reflexão crítica (processo interno) requer a comunicação com os outros, pois é nessa comunicação que o indivíduo se dá conta de outras perspectivas, e da desadequação dos seus esquemas de sentido, favorecendo assim a reflexão crítica.

O sentido da aprendizagem não se encontra apenas numa das vertentes (processo interno versus interacção), mas sim em ambas. A "aprendizagem pode ser usada também para referir quer o processo quer o resultado. Quando aprendizagem é usada como verbo, refere-se ao processo ou série de actividades em que o aprendente entra. Quando usada como substantivo, refere-se ao produto, reflectindo mudança ou aquisição de novos conhecimentos, o qual ocorre no aprendente." (Gerstner). Mezirow (1985) sintetiza da melhor maneira as diversas dimensões da aprendizagem, ao descrever as três funções interrelacionadas, mas distintas, da aprendizagem do adulto: Aprendizagem instrumental de tarefas orientadas para a resolução de problemas o que é relevante para controlar o ambiente ou outras pessoas; aprendizagem dialógica, pela qual tentamos perceber o que os outros desejam ao comunicar connosco; e aprendizagem autoreflectida, pela qual nos entendemos a nós próprios.»
Fonte: aqui.

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