Queria (re)começar 2009 neste blog com a pergunta para a qual ainda ninguém se lembrou bem de pensar uma resposta completamente fundamentada. E a pergunta é simples: Porque razão 600.000 (actualmente) pessoas se inscreveram na Iniciativa Novas Oportunidades – Adultos?
A resposta de muitos e quase imediata é: É uma forma rápida e fácil de concluir um nível de escolaridade. E será só por isso?
Vou apresentar 2 potenciais pontos para uma resposta que falta ainda obter e que são lugares comuns:
1. Completar em 4 a 6 meses a equivalência ao Ensino Básico (9.º ano) ou entre 10 a 16 meses a equivalência ao Ensino Secundário (12.º ano) é uma das respostas mais óbvias para esta mobilização de pessoas. Mas vejamos os números reais:
2. Muitos dirão que é devido a uma campanha de publicidade em torno da marca “Novas Oportunidades” que resultou nessa procura e que não corresponde a uma efectiva mobilização social. É verdade que a Iniciativa Novas Oportunidades têm uma imagem nos meios de comunicação social constantemente presente. Mas será que, como qualquer outro produto, quando a maioria das pessoas explora o conteúdo do mesmo e não encontra qualidade no mesmo o continua a procurar? Não existirá, como muitos adultos referem, uma justiça social no reconhecimento de competências ganhas pela experiência de vida que, por motivos vários não foram ganhas na escola mas na aprendizagem não formal ou informal do contexto pessoal, profissional ou social e que a escola tem o dever de reconhecer por não ter dado opções válidas ao longo dos últimos anos que permitisse esse “regresso à escola”?
Retirando agora os lugares comuns e olhando mais aprofundadamente temos que ir mais longe na resposta e ficam 4 ideias complementares:
1. O mercado de trabalho, as promoções laborais, as regras de contratação, a exigência da inovação, a melhoria no desempenho são um factor fundamental na procura da obtenção de uma equivalência a um nível de escolaridade, muitas vezes interrompido pela necessidade de ingressar nesse mesmo mercado de trabalho que agora exige mais, assim como, se torna fundamental para o acesso a acções de formação que exigem, para ingresso, um determinado nível de habilitações.
2. A fácil conciliação entre o Trabalho e a Escola. O uso destes dois termos em linguagem mais simplificada é de propósito. Falamos do Trabalho e da Escola. A maioria de quem procura o reconhecimento das suas competências por via das “Novas Oportunidades” tem uma actividade profissional que ocupa a maioria do tempo útil de um dia. Para muitos existe ainda outro elemento: a Família. O modelo de um trabalho/estudo/reflexão mais autónomo é uma das potencialidades mais importantes deste modelo.
3. A característica de ser um processo individual, único e personalizável(zado). O reconhecimento de competências é um processo feito à medida de cada um dos adultos. Este respeito pela história de vida de cada um surge, muitas vezes, como elemento determinante para a (re)valorização pessoal. Hoje, numa expressão que já ouvi e da qual partilhei o nascimento estamos perante Centros Novas Oportunidades que fazem “Alta Costura” para muitos “clientes”. Esta metáfora serve para descrever uma visão fundamental de toda a valorização dos conhecimentos, aptidões, capacidades e competências adquiridas ao longo da vida que devem resultar numa resposta à medida dos objectivos de cada um dos adultos. Aqui é de reconhecer o bom trabalho que as equipas dedicadas têm realizado. Um dos segredos desta mobilização resulta essencialmente da capacidade de muitas equipas neste apoio pessoal aos adultos em processo.
4. O reconhecimento do mercado de emprego e das empresas. Durante algum tempo houve um afastamento do mercado de emprego e das empresas do movimento de procura da Iniciativa Novas Oportunidades. Hoje e principalmente com o anúncio público de inúmeras parcerias com grandes grupos empresariais chega a informação desse mesmo reconhecimento da qualificação como estratégia de muitos dos agentes empregadores em Portugal. Este é também já um factor de mobilização para muitos candidatos.
Como este post já vai longo e irei retomar esta questão em breve termino por aqui por agora. Mas antes de terminar queria deixar dois factores que podem deitar por terra este movimento de mobilização:
1. Que os processos de reconhecimento de competências não sejam estruturados em função de um objectivo de qualificação que se desenrole com vista à consciencialização das competências adquiridas e a adquirir no decurso e após o processo conclusão de certificação.
2. Que os portefólios não sejam construídos com objectivos claros e negociados entre a estrutura orientadora do processo e a história de vida do adulto, assim como, da procura de resposta aos objectivos referidos no ponto anterior. Deste triângulo resulta um projecto de qualificação útil, objectivo, credível e de valorização pessoal e consciente da importância da aprendizagem ao longo da vida no futuro a curto, médio e longo prazo para cada um dos adultos.
Ao longo dos próximos meses regressarei a estas questões e outras que destas emergem. Para todos, renovados votos de um bom ano de 2009!
Vou apresentar 2 potenciais pontos para uma resposta que falta ainda obter e que são lugares comuns:
1. Completar em 4 a 6 meses a equivalência ao Ensino Básico (9.º ano) ou entre 10 a 16 meses a equivalência ao Ensino Secundário (12.º ano) é uma das respostas mais óbvias para esta mobilização de pessoas. Mas vejamos os números reais:
(Certificados 2007-2008)
O referido número de inscritos (600.000) não se compara com o número de certificados. Principalmente quando falamos do nível Secundário. Muitas vezes oiço e recebo informações que a ideia inicial de quem se inscreve choca com a exigência de um processo que os Centros Novas Oportunidades querem com qualidade, rigor e exigência. Mas para aqueles candidatos que aprenderam com a vida, ganharam competências e conhecimentos não podemos dizer que é rápido. Podemos dizer que é justo que não tenham que passar pelo mesmo tempo que aqueles que completam uma aprendizagem inicial no ensino regular desde que o processo de RVC seja feito com a referida exigência que por esta vida credibilize o processo em si mesmo e valorize essa aprendizagem ao longo da vida com vista a uma potencial e desejada qualificação durante e após o reconhecimento de competências.2. Muitos dirão que é devido a uma campanha de publicidade em torno da marca “Novas Oportunidades” que resultou nessa procura e que não corresponde a uma efectiva mobilização social. É verdade que a Iniciativa Novas Oportunidades têm uma imagem nos meios de comunicação social constantemente presente. Mas será que, como qualquer outro produto, quando a maioria das pessoas explora o conteúdo do mesmo e não encontra qualidade no mesmo o continua a procurar? Não existirá, como muitos adultos referem, uma justiça social no reconhecimento de competências ganhas pela experiência de vida que, por motivos vários não foram ganhas na escola mas na aprendizagem não formal ou informal do contexto pessoal, profissional ou social e que a escola tem o dever de reconhecer por não ter dado opções válidas ao longo dos últimos anos que permitisse esse “regresso à escola”?
Retirando agora os lugares comuns e olhando mais aprofundadamente temos que ir mais longe na resposta e ficam 4 ideias complementares:
1. O mercado de trabalho, as promoções laborais, as regras de contratação, a exigência da inovação, a melhoria no desempenho são um factor fundamental na procura da obtenção de uma equivalência a um nível de escolaridade, muitas vezes interrompido pela necessidade de ingressar nesse mesmo mercado de trabalho que agora exige mais, assim como, se torna fundamental para o acesso a acções de formação que exigem, para ingresso, um determinado nível de habilitações.
2. A fácil conciliação entre o Trabalho e a Escola. O uso destes dois termos em linguagem mais simplificada é de propósito. Falamos do Trabalho e da Escola. A maioria de quem procura o reconhecimento das suas competências por via das “Novas Oportunidades” tem uma actividade profissional que ocupa a maioria do tempo útil de um dia. Para muitos existe ainda outro elemento: a Família. O modelo de um trabalho/estudo/reflexão mais autónomo é uma das potencialidades mais importantes deste modelo.
3. A característica de ser um processo individual, único e personalizável(zado). O reconhecimento de competências é um processo feito à medida de cada um dos adultos. Este respeito pela história de vida de cada um surge, muitas vezes, como elemento determinante para a (re)valorização pessoal. Hoje, numa expressão que já ouvi e da qual partilhei o nascimento estamos perante Centros Novas Oportunidades que fazem “Alta Costura” para muitos “clientes”. Esta metáfora serve para descrever uma visão fundamental de toda a valorização dos conhecimentos, aptidões, capacidades e competências adquiridas ao longo da vida que devem resultar numa resposta à medida dos objectivos de cada um dos adultos. Aqui é de reconhecer o bom trabalho que as equipas dedicadas têm realizado. Um dos segredos desta mobilização resulta essencialmente da capacidade de muitas equipas neste apoio pessoal aos adultos em processo.
4. O reconhecimento do mercado de emprego e das empresas. Durante algum tempo houve um afastamento do mercado de emprego e das empresas do movimento de procura da Iniciativa Novas Oportunidades. Hoje e principalmente com o anúncio público de inúmeras parcerias com grandes grupos empresariais chega a informação desse mesmo reconhecimento da qualificação como estratégia de muitos dos agentes empregadores em Portugal. Este é também já um factor de mobilização para muitos candidatos.
Como este post já vai longo e irei retomar esta questão em breve termino por aqui por agora. Mas antes de terminar queria deixar dois factores que podem deitar por terra este movimento de mobilização:
1. Que os processos de reconhecimento de competências não sejam estruturados em função de um objectivo de qualificação que se desenrole com vista à consciencialização das competências adquiridas e a adquirir no decurso e após o processo conclusão de certificação.
2. Que os portefólios não sejam construídos com objectivos claros e negociados entre a estrutura orientadora do processo e a história de vida do adulto, assim como, da procura de resposta aos objectivos referidos no ponto anterior. Deste triângulo resulta um projecto de qualificação útil, objectivo, credível e de valorização pessoal e consciente da importância da aprendizagem ao longo da vida no futuro a curto, médio e longo prazo para cada um dos adultos.
Ao longo dos próximos meses regressarei a estas questões e outras que destas emergem. Para todos, renovados votos de um bom ano de 2009!
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