Ao longo dos últimos anos tenho acompanhado a implementação da Iniciativa Novas Oportunidades de norte a sul do pais. Tenho acompanhado, na função de Avaliador Externo, vários Centros Novas Oportunidades com os quais colaboro na realização de Júris de Validação. Falo por isso com a experiência que o tempo e a oportunidade me têm dado para olhar, como observador externo, sobre o que tenho visto. E quero destacar desde já que, dos vários (e já são bastantes) CNO que acompanhei ao longo destes anos, tenho uma ou duas experiências negativas que reportei a quem de direito e muitas positivas. Encontro, geralmente, equipas dedicadas, capazes e determinadas a fazer um trabalho de rigor e qualidade. Sem dúvida que só posso destacar esse profissionalismo que encontrei e encontro e não o tal facilitismo que se ouve ainda falar.
Mas chegou a altura de fazer um conjunto de "avisos à navegação"em jeito de carta aberta a todos (desde as equipas tecnico-pedagógicas à Agência Nacional para a Qualificação). E vou fazer esse conjunto de 4 avisos em jeito de síntese para reflexão de todos.
1. Tenho acompanhado a implementação do processo RVCC (e falo aqui principalmente ao nível do Secundário) e noto um movimento que me desagrada profundamente. Falo da emergência de empresas privadas, muitas designadas de "empresas de formação" e/ou centros de explicação que fazem uma oferta dos já chamados de "cursos de RVCC" onde por uma quantia, já algumas vezes significativa, apoio (elaboram) os portefólios e propostas de actividades. Creio que é altura de todos denunciarmos estas situações. Os CNO não podem aceitar processos que sigam esta lógica e os avaliadores externos têm que denunciar quando detectam estas práticas. Uma coisa é um adulto ter um apoio de um familiar, de um amigo ou de alguém pontualmente para o apoiar na elaboração das actividades propostas. Outra é não ser ele a fazer o seu portefólio e os CNO deixarem passar esta situação...
2. Oiço, muitas vezes, os profissionais RVCC falar que os adultos copiam muitas pesquisas que fazem na Internet e colocam no seus Portefólios. Condenando esta prática tenho reparado em situações piores. Consultei recentemente Portefólios que vão contendo parte de outros Portefólios que são cedidos por adultos que os colocam ou disponibilizam para consulta. É aqui que deixo uma palavra para os gestores e moderadores de espaços on-line (redes sociais e blogues) para alertarem para o risco dessa prática de cópia. Como sempre o faço neste blog ou por e-mail, quando me pedem exemplos de PRA's ou coisa parecida digo que o processo é único e individual e como tal não há exemplos a seguir. E se quiserem ver um exemplo devem ir ao CNO onde estão inscritos e pedir para consultar ou ter acesso caso o permitam.
3. Sendo de valorizar o facto de as equipas tecnico-pedagógicas estarem agora contratadas formalmente, e digo isto principalmente para os técnicos e profissionais, há ainda, principalmente nos CNO de entidades privadas, mas também públicas, algumas dificuldades da gestão dos financiamentos que promovem, muitas vezes, situações pessoais complicadas para os elementos das equipas. É altura de alertar para alguns destes casos principalmente para que as entidades financiadores possam libertar as verbas necessárias e temporalmente adequadas às necessidades de gestão que os coordenadores e CNO necessitam para a sua sobrevivência diária.
4. Há um défice de formação. Não é inexistência. É um défice de resposta da formação às necessidades dos CNO. E destaco aqui duas realidades concretas. A criação dos Técnicos de Diagnóstico e Acompanhamento vem trazer consigo uma necessidade de actualização constante destes profissionais no seu enquadramento funcional na articulação com a equipa, assim como, na sua função principal de dar resposta aos adultos. Por outro lado, as equipas técnico pedagógicas dos CNO têm dúvidas (e tenho feito inúmeras sessões de trabalho com estas equipas no terreno) muito concretas. Dúvidas de organização, funcionamento e prática. Não são dúvidas sobre enquadramento téorico ou reflexão. Creio que a formação ministrada pelas Faculdades ao nível destes objectivos não tiveram sucesso. Tenho, inúmeras vezes referido que as entidades competentes deviam ministrar formação aos Avaliadores Externos, por exemplo, para estes poderem ser um apoio directo das equipas no terreno. Outra solução passa pela potencial reformulação da formação como está a ser ministrada. Centrar-se na procura de resposta a questões concretas das equipas por workshops temáticas partindo de situações-problema por estes CNO previamente identificados.
Estas dúvidas, reflexões e avisos não tiram todo o mérito de regulação, organização e o esforço pessoal que cada um dos elementos das equipas e da ANQ têm feito para elevar a credibilidade da Iniciativa Novas Oportunidades. No terreno tenho registado sempre essa credibilidade e não o contrário. Estes avisos são só para serem um ponto de partida ao combate que é preciso travar para que, aqueles pequenos e menores (em número e valor) casos possam, de uma vez por todas, acabar.
1. Tenho acompanhado a implementação do processo RVCC (e falo aqui principalmente ao nível do Secundário) e noto um movimento que me desagrada profundamente. Falo da emergência de empresas privadas, muitas designadas de "empresas de formação" e/ou centros de explicação que fazem uma oferta dos já chamados de "cursos de RVCC" onde por uma quantia, já algumas vezes significativa, apoio (elaboram) os portefólios e propostas de actividades. Creio que é altura de todos denunciarmos estas situações. Os CNO não podem aceitar processos que sigam esta lógica e os avaliadores externos têm que denunciar quando detectam estas práticas. Uma coisa é um adulto ter um apoio de um familiar, de um amigo ou de alguém pontualmente para o apoiar na elaboração das actividades propostas. Outra é não ser ele a fazer o seu portefólio e os CNO deixarem passar esta situação...
2. Oiço, muitas vezes, os profissionais RVCC falar que os adultos copiam muitas pesquisas que fazem na Internet e colocam no seus Portefólios. Condenando esta prática tenho reparado em situações piores. Consultei recentemente Portefólios que vão contendo parte de outros Portefólios que são cedidos por adultos que os colocam ou disponibilizam para consulta. É aqui que deixo uma palavra para os gestores e moderadores de espaços on-line (redes sociais e blogues) para alertarem para o risco dessa prática de cópia. Como sempre o faço neste blog ou por e-mail, quando me pedem exemplos de PRA's ou coisa parecida digo que o processo é único e individual e como tal não há exemplos a seguir. E se quiserem ver um exemplo devem ir ao CNO onde estão inscritos e pedir para consultar ou ter acesso caso o permitam.
3. Sendo de valorizar o facto de as equipas tecnico-pedagógicas estarem agora contratadas formalmente, e digo isto principalmente para os técnicos e profissionais, há ainda, principalmente nos CNO de entidades privadas, mas também públicas, algumas dificuldades da gestão dos financiamentos que promovem, muitas vezes, situações pessoais complicadas para os elementos das equipas. É altura de alertar para alguns destes casos principalmente para que as entidades financiadores possam libertar as verbas necessárias e temporalmente adequadas às necessidades de gestão que os coordenadores e CNO necessitam para a sua sobrevivência diária.
4. Há um défice de formação. Não é inexistência. É um défice de resposta da formação às necessidades dos CNO. E destaco aqui duas realidades concretas. A criação dos Técnicos de Diagnóstico e Acompanhamento vem trazer consigo uma necessidade de actualização constante destes profissionais no seu enquadramento funcional na articulação com a equipa, assim como, na sua função principal de dar resposta aos adultos. Por outro lado, as equipas técnico pedagógicas dos CNO têm dúvidas (e tenho feito inúmeras sessões de trabalho com estas equipas no terreno) muito concretas. Dúvidas de organização, funcionamento e prática. Não são dúvidas sobre enquadramento téorico ou reflexão. Creio que a formação ministrada pelas Faculdades ao nível destes objectivos não tiveram sucesso. Tenho, inúmeras vezes referido que as entidades competentes deviam ministrar formação aos Avaliadores Externos, por exemplo, para estes poderem ser um apoio directo das equipas no terreno. Outra solução passa pela potencial reformulação da formação como está a ser ministrada. Centrar-se na procura de resposta a questões concretas das equipas por workshops temáticas partindo de situações-problema por estes CNO previamente identificados.
Estas dúvidas, reflexões e avisos não tiram todo o mérito de regulação, organização e o esforço pessoal que cada um dos elementos das equipas e da ANQ têm feito para elevar a credibilidade da Iniciativa Novas Oportunidades. No terreno tenho registado sempre essa credibilidade e não o contrário. Estes avisos são só para serem um ponto de partida ao combate que é preciso travar para que, aqueles pequenos e menores (em número e valor) casos possam, de uma vez por todas, acabar.
6 comentários:
Olá
Sou formador de Cidadania e Empregabilidade (3º Ciclo) e de Cidadania e Profissionalidade. Gostaria de obter referências/fontes/grelhas de registo de observação de aulas que possam servir posteriormente para uma avaliação dos formandos e ser utilizada por outros formadores que possam assistir às minhas sessões de formação. Pretendo o uso de grelhas que sejam o mais simples possível. Desde já os meus agradecimentos pela ajuda que possam prestar-me; obrigado.
Filipe (gerofil@gmail.com)
Infelizmente nenhuma das situações apresentadas me surpreende mas o JL tem o mérito de lançar o alerta na blogosfera. Também por aqui se fala dos centros que fazem portefólios, não conheço nenhum mas acredito que existam. E acredito também que são uma resposta para aqueles adultos a quem é pedido que elaborem o seu portefólio sem qualquer acompanhamento.Fico abismada com algumas perguntas e comentários que vão sendo colocados no grupo RVCC/NO (Google groups). Chego a questionar-me se não estaremos, no nosso CNO, a "orientar" demasiado os nossos adultos.
A questão de fundo é sempre a mesma: METAS demasiado elevadas. É muito difícil conciliar qualidade com corridas, números.
Mas vamos lá continuando com muito amor à camisola e apoiando-nos no estímulo que são alguns portfólios bem conseguidos.
Muito bem escrito, mas passar isso à prática torna-se quase impossível. Vamos pensar:
1) Os números pedidos pela ANQ a cada CNO.
2) A luta diária para cada centro atingir essas metas.
3) A qualidade começa a diminuir.
4) A maioria dos adultos não se enquadra no referencial de secundário, na medida em que têm de percorrer todos os núcleos geradores.
5) O adulto está fora da escola e deixou de ter hábitos de leitura e de escrita, mais dificl se torna para os CNO atingirem rapidamente a certificação do adulto (mas tem de ser rápido, não é....)
6) Os adultos apenas querem saber do tempo que vão demorar a atingir a certificação.
7) 90% dos adultos queixa-se de falta de tempo em casa para trabalhar os PRA, no entanto se alargarmos o prazo estipulado entre o CNO e o adulto, este volta a alegar a fata de tempo em casa, ou seja, ele está pouco preocupado e interessado em escrever bons artigos, mas sim em arrastar o tempo.
8) Em relação às pesquisas do Google, a culpa é dos CNO e da falta de interpretação da filosofia de um PRA, uma vez que optam sempre por modelar os adultos às fichas-exemplo e aos seus objectivos utópicos (para o adulto médio). Preocupem-se em pedir ao adulto comentários pessoais aos temas e apenas utilizem o Google para procurarem informação e copiarem imagens apenas.
Estes são os principais motivos de todo este facilitismo, já para não referir a grande quantidade de CNO existentes no país. Deviam ser menos, com a possibilidade de terem a equipa alargada, assim mantinha-se uma filosofia de trabalho do Centro.
Nuno Coito
CNO da ENB
Não conheço quem o faça; também não conheço quem recorra a esses serviços. Limito-me a opinar em função do que leio. Discordo dessa “confecção” de portefólios. Sendo o resultado de uma construção pessoal, é caso para dizer que me faz uma certa “comichão cerebral” pensar: “onde está a identidade do portefólio, se ele resulta de uma experiência pessoal? Se um portefólio espelha o perfil pessoal, escolar, formativo e profissional de uma pessoa, quem melhor do que ela para o redigir e construir?”.
Justamente porque o Processo é “único e individual”, não há, necessariamente, exemplos. Cada reflexão, cada portefólio resulta de um investimento pessoal. Certamente que a mesma experiência vivida por 2 pessoas diferentes não resultará nas mesmas aprendizagens; da mesma forma, a mesma pessoa vivendo a mesma experiência em momentos diferentes também poderá absorver diferentes aprendizagens. Poderá haver uma “curiosidade” em conhecer e ter acesso a outros trabalhos, a outras reflexões, a outros portefólios. Contudo, não são manuais de instruções.
Considero que cada adulto deverá sempre sê-lo, no sentido de se consciencializar de que deverá fazer o que é melhor para si e para o seu futuro.
Cada vez mais a formação é necessária. Não apenas para os adultos, mas também para todos os actores que corporalizam os CNO. A teoria é um alicerce, um suporte, um importante recurso pedagógico. Mas, por si só, não é suficiente. A prática constrói cada um de nós. Mas, para que isso ocorra, é necessário estar (in)formado. No meu ponto de vista, ninguém é detentor do saber total. É necessário ter conhecimento do tecido social em que nos encontramos inseridos para melhor encaminhar e informar cada adulto. Por isso, a partilha, a co-construção do saber e a própria metacognição (aprender a aprender) deveriam “assinar livro de ponto todos os dias”.
Isabel Moio
Há algumas ideias nestes comentários sobre as quais acho que todos os elementos das equipas dos Centros devem reflectir:
1. Os portefólios não são feitos pelos candidatos, mas chegam para que os técnicos validem competências e cheguem até a condições de certificação? Como? Não são os técnicos os principais responsáveis por estas situações?
2. A desculpa são as metas 'pedidas pela ANQ'... a ANQ não pede metas contratatualiza-as com os Centros... são estes que propõem os patamares em que querem funcionar e podem fazê-lo de modo diferenciado consoante as suas condições e contextos...
3. Há quem compre e há quem venda... assim é em todos os níveis e sistemas educativos... mas é crime comprar e ludibriar os sistemas e os técnicos que os acompanham. Talves se ninguém for conivente com situações como as descritas neste blogue não existissem estes casos
4. Todos conhecem mas ninguém 'tem contacto real' com situações destas... serão realmente verdade?
5. Não têm competências mas estão a fazer o RVCC de nível secundário???? Mas então o encaminhamento não é para que estas situações não ocorram!!!
Reflictam, por favor... e ajam em conformidade com as orientações emitidas pela intituição que coordena e gere os Centros Novas Oportunidades
Enccontro-me a trabalhar como formadora num CNO no ALgarve nas áreas de LC e CLC e, independentemente de concordar com algumas das opiniões veiculadas, lembro aos comentadores que neste processo existe, a nível dos Domínios de Referência, precisamente o DR4 que tem a ver com uma visão macro-estrutural de um determinado núcleo. Neste domínio, o formando terá que poesquisar no sentido de emitir uma opinião, após um percurso de reflexão e integração de determinadas realidades. Neste sentido, a pesquisa é fundamental, mas sempre identificando as fontes.
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