Uma competência manifesta-se sempre como uma acção complexa com vista à resolução de um problema concreto. Por exemplo, se se pedir a um aluno que descreva uma figura, para o fazer, ele realiza um conjunto de acções que, embora estejam na base da ‘produção textual’, não podem ainda ser consideradas como uma manifestação dessa competência. Ao descrever a figura, o aluno mobiliza conhecimentos da estrutura do funcionamento da língua, mas a aplicação desses conhecimentos é realizado de uma forma simples – as frases podem ser simples e curtas, não revelando grande elaboração; a sequência das frases pode ser sincopada, sem grande coerência entre si, etc. O que se lhe pede é um exercício de aplicação. No entanto, se se pedir ao aluno que conte uma história a partir da figura, é-se-lhe colocado um problema. Para resolver esse problema, o aluno terá que realizar um conjunto complexo de acções, do qual resultará também um produto elaborado.
O portfolio é uma das formas de avaliação que melhor permite avaliar competências. Como se afirmou atrás, o portfolio serve para avaliar um processo que se desenrola a médio/longo prazo, no decorrer do qual se vai recolhendo diversas e diferentes produções do aluno, das quais se vai fazendo a avaliação formativa, dando feedback ao aluno sobre as suas realizações, permitindo-lhe assim ir desenvolvendo a(s) competência(s) visada(s). Desta forma, o portfolio permite avaliar o processo e os produtos. Isto é importante porque, por um lado, qualquer competência precisa de tempo para se desenvolver e, por outro, pode sempre vir a ser mais desenvolvida. O uso do portfolio serve também para tornar isso evidente. Assim, os produtos recolhidos evidenciarão o nível de desempenho do aluno, em momentos diferentes do processo. As produções do aluno, além de diversas, devem ser também diferentes. Como no exemplo referido atrás, da ‘produção textual’, primeiro pode pedir-se ao aluno um exercício de descrição de uma figura e, posteriormente, que escreva uma história a partir da figura. A resolução desse problema, por parte do aluno, vai implicá-lo mais e totalmente. O desafio não consiste já só em formular um conjunto de frases que traduza a sua percepção de uma determinada figura, para o qual ele vai mobilizar o seu conhecimento da estrutura e do funcionamento da língua, mas mobilizará também a sua imaginação, a sua afectividade, etc. Dependendo do envolvimento do aluno na elaboração da sua narrativa, este realizará um produto onde se pode verificar não apenas o seu conhecimento da estrutura e do funcionamento da língua, mas também a sua criatividade, a sua dimensão afectiva, os seus pensamento mais profundos, etc. Por outro lado, o envolvimento do aluno na execução da tarefa pode mesmo levá-lo a expandir o seu conhecimento da língua, nomeadamente vocabulário, figuras de estilo, etc. que ainda não possuía, para poder exprimir pensamento e sentimentos inerentes ao seu relato da história.»
In: Avaliação de competências com portfolio. Autor: Ana Paula Silva
In: Avaliação de competências com portfolio. Autor: Ana Paula Silva
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