terça-feira, 19 de agosto de 2008

E depois do Processo RVCC?

Nos últimos anos tenho acompanhado os Centros Novas Oportunidades como Avaliador Externo. Em Julho estive presente, pela primeira vez, na cerimónia de entrega de diplomas. Na sala estavam presentes cerca de 350 pessoas que completaram o processo RVCC de nível básico e/ou secundário. Nessa altura, como em outras várias em que tenho discutido publicamente a Iniciativa Novas Oportunidades fiquei com uma ideia concreta. O processo RVCC é, sem dúvida, um desafio. Um desafio para as escolas, para os profissionais e formadores, mas, acima de tudo, para os adultos. E esse desafio tem, na sua natureza uma potencialidade estratégica. É aqui que tenho que deixar um alerta que é também um desafio. Durante muito tempo, os CNO com quem colaborei, sabem que defendi a existência de estratégia concretas de orientação dos adultos após o processo RVCC como forma de efectiva qualificação. Sempre afirmei que havia uma falsa ideia em torno do conceito de qualificação associado a este processo. É por isso que sempre fui defensor da existência de uma estratégia de Plano Pessoal de Qualificação para cada adulto individualmente. Mais, que cada Dossier/Portefólio fosse, na sua essência esse mesmo plano. O regresso à escola de tantos adultos tinha que ser aproveitado ao máximo para a continuidade e não para ser apenas um momento pontual de revalorização pessoal, profissional ou social. E o desafio que deixo parte dessa ideia. Urge começar a pensar uma estratégia complementar ao processo RVCC. Fala-se no RVCC Profissional mas é preciso mais do que isso. É preciso uma linha transversal e paralela ao processo RVCC que assente na Formação Profissional. E não falo na formação teórica/institucional/financiada dada como o foi nos últimos 10 anos. É preciso uma estratégia nacional que, assente num diagnóstico e em objectivos de médio e longo praso definam clusters de intervenção estratégica. Sejam eles o Turismo (talvez um destaque natural), a Industria ou os Serviços é preciso mudar a estratégia. Dar uma formação inter-pares. Mais no modelo CET. Aproveitar os recursos humanos que regressaram agora à escola por via do processo RVCC e efectivamente melhorar a qualidade da sua intervenção no seu contexto de trabalho a nível pessoal e a nível da empresa. Talvez seja tempo de começar a pensar na implementação do Catálogo Nacional de Qualificações como um instrumento integrado num objectivo colectivo e não só como um modelo de regulação e normalização. Digo, potencialmente temos nas mãos o que nunca tivemos enquanto país nos últimos 20 anos. É agora preciso ter coragem. A coragem de efectivamente pensar a médio e longo prazo. A coragem de dizer não a uma formação inútil e desligada da realidade e avançar para um plano nacional de formação profissional numa estratégia de consolidação efectiva da Iniciativa Novas Oportunidades. Fica a ideia. Talvez um desafio. Ou talvez uma solução.

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