O mês de Setembro irá trazer algumas mudanças nas equipas, principalmente, ao nível dos formadores. Equipas que estavam sólidas surgem agora como equipas em construção. Por isso, o mês de Setembro irá trazer novos desafios a muitos formadores. Entre muitos desses desafios destacamos:
1. A necessidade de entenderem a formação complementar como uma formação centrada nas competências do adulto e não somente em conhecimentos a transferir.
2. A necessidade de articular com os adultos entre as competências adquiridas, competências a desenvolver e competências mobilizadas em contexto de formação.
3. A necessidade de organizar um conjunto de actividades exploratórias em substituição das actuais actividades de correcção ou formatação de capacidades.
4. A necessidade de objectivar questões geradoras de desocultação de competências.
5. A necessidade de criar linhas de comunicação e orientação entre o Adulto, o profissional RVCC, os outros formadores na equipa e os necessários registos em PRA (diversificando as fontes, passando para além do papel).
1 comentário:
Tendo concluído o processo de RVCC de nível secundário em Abril, e tendo participado num grupo pioneiro tanto de adultos como de formadores gostaria de deixar aqui o meu contributo (permitam-me este atrevimento) para a temática dos desafios deixados aos formadores e técnicos de RVCC.
Há que, antes de mais, ter-se a noção que irá haver um grupo diverso de adultos, com um leque tão variado de origens e percursos de vida que, obrigatoriamente, são todos diferentes entre si. Não só em termos de conhecimentos adquiridos, mas também em termos de postura, atitude, expressão, capacidade de entendimento, facilidade de dialogo, enfim bastante diferentes entre si. Sendo que se trata de um grupo de adultos, nem sempre será fácil conseguir fazer chegar a mensagem de que nem tudo o que sabem está correcto ou terá a divida importância para este processo. No entanto é fundamental que se entenda que todos os adultos que passam pelo processo de esclarecimento e posterior entrevista, foram considerados terem tido um percurso de vida que lhes possibilite iniciarem um processo que reconhecerá terem adquirido competências a nível secundário. E isto aplica-se a todos os adultos que iniciam o processo.
É aqui que, na minha opinião, os formadores e técnicos iniciam o seu trabalho Herculano para encontrar forma e meios de levar o adulto a demonstrar e comprovar as competências nas diversas áreas. A primeira grande barreira é a de fazer com que o adulto faça uma reflexão sobre o seu percurso de vida e onde é que, nesse percurso, houve a aquisição de conhecimentos que permitam obter um crédito. É bastante difícil fazer com que as pessoas falem delas próprias. Mais ainda quando há a barreira natural de protecção sobre os assuntos pessoais e não querer entrar em assuntos de foro particular. Há que fazer ver e entender que não se trata de uma violação de privacidade, bem pelo contrário, o que se pretende é apenas que o adulto consiga comprovar que adquiriu os conhecimentos, que se propõe verem validados.
Haverá uma grande dificuldade na língua estrangeira. É aqui que penso que a formação complementar possa contribuir para a fluidez do processo. Identificando, no início do processo, adultos que não tenham conhecimentos de língua estrangeira suficiente para a creditação, encaminhá-los para que possam iniciar um processo de formação que no final lhe conceda o crédito.
Penso que será de grande ajuda discutir abertamente a forma de interpretar o referencial chave de modo a poder enquadrar situações de percurso de vida nas diversas áreas (STC, CLC e CP). Falar nos diversos percursos de vida de cada adulto, em sessão de grupo, para que possa ser identificado e exemplificado de como determinada situação de vida pode enquadrar no referencial.
Por fim concluo dizendo que é de extrema importância o espírito de grupo. Este devera existir entre todos os membros, adultos, formadores e técnicos. Já que em todo meu percurso de vida e particularmente no decorrer deste processo, foi fundamental e de extrema importância o espírito de grupo e de camaradagem que se consegue numa convivência de pessoas que estão envolvidas no mesmo processo com o mesmo objectivo. É inevitável a existência de um certo espírito competitivo, no entanto há que ter a capacidade de torná-lo numa competitividade saudável que fomenta a entreajuda e partilha de momentos de reflexão, trabalho e lazer.
Bem haja
Luis Filipe
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