Como escrevi na passada segunda-feira, esta semana estou a levantar algumas questões em torno dos pontos de melhoria possível e desafios à qualidade na implementação do processo RVCC e da Iniciativa Novas Oportunidades.
Quero agradecer aos 327 participantes que já responderam ao inquérito que ontem deixei neste espaço. Espero em breve ter muito mais respostas e elaborar um documento que depois publicarei no final da semana com os resultados.
Quero agradecer aos 327 participantes que já responderam ao inquérito que ontem deixei neste espaço. Espero em breve ter muito mais respostas e elaborar um documento que depois publicarei no final da semana com os resultados.
Hoje a minha análise centra-se nas equipas dos Centros Novas Oportunidades. Ao longo dos últimos anos tenho acompanhado vários CNO e tenho-me deparado com várias constatações de facto que ainda não tinha partilhado aqui.
Uma das questões que torna evidente é (e claro na realidade dos vários CNO que conheço), e ao contrário do que se tem ideia, a estabilidade das equipas. Principalmente ao nível dos profissionais. Estabilidade, digo, tempo de relação da pessoa com a entidade e nada mais. A verdade é que os CNO tem uma tendência para formar as equipas criando um espírito muito próprio. Isso leva tempo, investimento e acima de tudo dedicação. Poucas são as alterações nas equipas, ao nível dos profissionais RVCC que acompanhei. Muitos(as) são os mesmos, nos mesmos CNO de há 4/5 anos para cá. Mas esta relação contrasta com uma certa indefinição na relação laboral (até aqui com recibos verdes e agora com contrato) e nos difíceis horários de trabalho. O trabalho nocturno, diário e de acompanhamento é extenuante para todos os recursos humanos dos CNO. Não há momentos. Há um contínuo permanente de respostas a dar, de orientações a realizar e de decisões a tomar. Isto não se aplica só aos profissionais RVCC mas a toda a equipa. Da coordenação aos formadores. As dificuldades de uma gestão financeira e humana, assim como, da gestão do tempo são situações difíceis de superar.
Mas a verdade é que, ao longo do tempo, os CNO deixaram de existir. Parece estranha a afirmação mas não é. Hoje, na maioria dos casos, os CNO são equipas de profissionais muito qualificados e preparados para os desafios emergentes da inclusão na escola da Educação e Formação de Adultos e não meras organizações formalmente instituídas.
Sempre o disse publicamente que o primeiro acto de respeito da minha parte é sempre para com os coordenadores, profissionais e formadores que fazem os CNO. Aqui fica esse reconhecimento público de respeito, de reconhecimento e de parabéns pelo imenso esforço e dedicação nestes últimos anos.
Agora os desafios. Não são poucos.
1. Quanto aos profissionais: A estabilidade contratual parece ser uma realidade atingível, veremos se as mudanças de equipas que permite não alteram a lógica para que foi criada. Penso que acima de tudo é necessário credibilizar a função. Por um lado, a meu ver, é essencial implementar um processo de certificação profissional (já criado) para formação inicial e contínua. Por outro é preciso criar uma forma de articulação de práticas, a meu ver, centrada na formação inter-pares. O reconhecimento social passa pela afirmação pessoal da função exercida e isso só pode acontecer com a auto-conciencia da mesma.
2. A gestão de recursos humanos nos CNO tem que se tornar mais "empresarial". No bom sentido, claro. A verdade é que o adulto é o centro do processo e a resposta a este deve ser rápida, ajustada e orientada. Mas não podemos esquecer a necessidade de articulação entre a vida profissional e familiar dos coordenadores, profissionais e formadores para o fazer. A flexibilidade de horários em presença, o trabalho de orientação no local, a formação complementar, as orientações por plataformas de criação de portefólios digitais e todos os instrumentos que permitam essa flexibilização devem ser implementados e usados como forma de valorizar a vida pessoal e profissional de todos e a resposta necessária do CNO como um e não como soma das partes.
3. A formação em contexto. Penso que os CNO esperam muito pela formação "oficial" da ANQ e outros e existem «boas práticas» que podem ser partilhadas. A criação de pequenos encontros, com o espírito workshop, funcionam muito melhor que os grandes encontros locais.
Depois existe uma necessidade de informação. A formação é necessária, mas mais necessária, em muitos casos, é a informação. Uma das realidades com que me confronto como Avaliador Externo é ir a uma sessão de júri, perguntar no final como vai continuar os estudos e a resposta ser: RVCC. A razão é simples. Falta de informação da equipa sobre ofertas, falta dessas mesmas ofertas e muitas vezes, falta de conhecimento sobre o enquadramento da certificação profissional necessária. O papel do técnico superior minora este facto mas toda a equipa deve articular-se para a qualificação do adulto em torno de um objectivo de continuação dos estudos académicos ou resposta mais profissional. Para isso é urgente e necessária a partilha de informação.
Aqui ficam mais algumas reflexões e desafios. Novamente e principalmente para os CNO com que trabalho e onde a palavra "facilistismo" morreu à nascença todo o meu reconhecimento profissional e pessoal pelo excelente trabalho realizado até à data e a minha palavra de que tem sido uma honra trabalhar com todos.
Uma das questões que torna evidente é (e claro na realidade dos vários CNO que conheço), e ao contrário do que se tem ideia, a estabilidade das equipas. Principalmente ao nível dos profissionais. Estabilidade, digo, tempo de relação da pessoa com a entidade e nada mais. A verdade é que os CNO tem uma tendência para formar as equipas criando um espírito muito próprio. Isso leva tempo, investimento e acima de tudo dedicação. Poucas são as alterações nas equipas, ao nível dos profissionais RVCC que acompanhei. Muitos(as) são os mesmos, nos mesmos CNO de há 4/5 anos para cá. Mas esta relação contrasta com uma certa indefinição na relação laboral (até aqui com recibos verdes e agora com contrato) e nos difíceis horários de trabalho. O trabalho nocturno, diário e de acompanhamento é extenuante para todos os recursos humanos dos CNO. Não há momentos. Há um contínuo permanente de respostas a dar, de orientações a realizar e de decisões a tomar. Isto não se aplica só aos profissionais RVCC mas a toda a equipa. Da coordenação aos formadores. As dificuldades de uma gestão financeira e humana, assim como, da gestão do tempo são situações difíceis de superar.
Mas a verdade é que, ao longo do tempo, os CNO deixaram de existir. Parece estranha a afirmação mas não é. Hoje, na maioria dos casos, os CNO são equipas de profissionais muito qualificados e preparados para os desafios emergentes da inclusão na escola da Educação e Formação de Adultos e não meras organizações formalmente instituídas.
Sempre o disse publicamente que o primeiro acto de respeito da minha parte é sempre para com os coordenadores, profissionais e formadores que fazem os CNO. Aqui fica esse reconhecimento público de respeito, de reconhecimento e de parabéns pelo imenso esforço e dedicação nestes últimos anos.
Agora os desafios. Não são poucos.
1. Quanto aos profissionais: A estabilidade contratual parece ser uma realidade atingível, veremos se as mudanças de equipas que permite não alteram a lógica para que foi criada. Penso que acima de tudo é necessário credibilizar a função. Por um lado, a meu ver, é essencial implementar um processo de certificação profissional (já criado) para formação inicial e contínua. Por outro é preciso criar uma forma de articulação de práticas, a meu ver, centrada na formação inter-pares. O reconhecimento social passa pela afirmação pessoal da função exercida e isso só pode acontecer com a auto-conciencia da mesma.
2. A gestão de recursos humanos nos CNO tem que se tornar mais "empresarial". No bom sentido, claro. A verdade é que o adulto é o centro do processo e a resposta a este deve ser rápida, ajustada e orientada. Mas não podemos esquecer a necessidade de articulação entre a vida profissional e familiar dos coordenadores, profissionais e formadores para o fazer. A flexibilidade de horários em presença, o trabalho de orientação no local, a formação complementar, as orientações por plataformas de criação de portefólios digitais e todos os instrumentos que permitam essa flexibilização devem ser implementados e usados como forma de valorizar a vida pessoal e profissional de todos e a resposta necessária do CNO como um e não como soma das partes.
3. A formação em contexto. Penso que os CNO esperam muito pela formação "oficial" da ANQ e outros e existem «boas práticas» que podem ser partilhadas. A criação de pequenos encontros, com o espírito workshop, funcionam muito melhor que os grandes encontros locais.
Depois existe uma necessidade de informação. A formação é necessária, mas mais necessária, em muitos casos, é a informação. Uma das realidades com que me confronto como Avaliador Externo é ir a uma sessão de júri, perguntar no final como vai continuar os estudos e a resposta ser: RVCC. A razão é simples. Falta de informação da equipa sobre ofertas, falta dessas mesmas ofertas e muitas vezes, falta de conhecimento sobre o enquadramento da certificação profissional necessária. O papel do técnico superior minora este facto mas toda a equipa deve articular-se para a qualificação do adulto em torno de um objectivo de continuação dos estudos académicos ou resposta mais profissional. Para isso é urgente e necessária a partilha de informação.
Aqui ficam mais algumas reflexões e desafios. Novamente e principalmente para os CNO com que trabalho e onde a palavra "facilistismo" morreu à nascença todo o meu reconhecimento profissional e pessoal pelo excelente trabalho realizado até à data e a minha palavra de que tem sido uma honra trabalhar com todos.
1 comentário:
Olá João!
Não pude deixar de sorrir quando vi este post. É engraçado porque hoje mesmo, na formação em Coimbra, deixei como sugestão aos CNO, sobretudo aos coordenadores (a quem penso que cabe essa função), a realização de reuniões periódicas entre 2 ou 3 Centros, com o objectivo de partilharem experiências e práticas, no sentido de evolução e melhoria contínua (o famoso "benchmarking")! Acho que mais do que os Encontros entre muitos Centros, estas sessões poderão ser verdadeiramente geradoras de novas aprendizagens e de novas perspectivas sobre a operacionalização dos processos, que se pretende cada vez mais eficiente e de maior qualidade.
Mafalda Branco
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