Na semana passada centrei os tópicos disponibilizados neste blog em alguns sites e instrumentos de apoio ao Processo RVCC.
Esta semana, uma vez que estamos a entrar nos últimos momentos antes de umas merecidas férias de Verão, irei fazer uma análise aos pontos fracos ou desafios que se colocam à iniciativa Novas Oportunidades e principalmente ao processo RVCC, deixando também algumas sugestões de intervenção. Cabe no dever de cada um de nós que estamos relacionados com este projecto fazer, de tempos a tempos, uma análise do que existe de bom, assim como, do que pode e deve ser melhorado. Assim o farei e espero alguns comentários construtivos para além das minhas reflexões pessoais em torno de potenciais soluções.
Começo por uma questão muito genérica para depois tocar pontos mais específicos ao longo da semana.
Falo dos 400.000 candidatos inscritos no processo RVCC, nível Básico e Secundário. Uma das afirmações que tenho feito publicamente é a valorização deste número. Nunca mais em Portugal se poderá deixar de falar em Educação e Formação de Adultos. Este número prova o desejo de aprendizagem por parte de muitos daqueles que, por um ou outro motivo, abandonaram a escola e ingressaram no mercado de trabalho.
As questões que se colocam são as seguintes: E que escola esperavam encontrar estes adultos nesse regresso? E que mais-valia ganham, efectivamente, ao percorrer o caminho do processo de certificação de competências?
Muitas vezes, em sessão de júri, oiço os adultos falarem as poucas horas de formação frequentadas no processo RVCC. Explicar que este processo é uma forma de ver reconhecida a aprendizagem ao longo da vida não chega. Há, nos adultos, um desejo de "saber mais". A tardia implementação dos Cursos EFA resultou numa visão única para a certificação que foi e continua a ser a do processo RVCC. Este continua a ser um dos pontos fracos.
O outro (e este a meu ver mais grave), centra-se na relação entre o conceito de certificação e qualificação profissional. A obtenção de uma certificação de um nível escolar, por si só, não confere qualificação. Muitos adultos, com profissões que começam a exigir certificação profissional, só sabem ou ganham consciência desta necessidade de qualificação na sessão de júri ou por conversa (e muitas vezes já por notificação) com agentes do seu contexto profissional.
Há então uma necessidade de reformular algumas orientações. Vou deixar algumas linhas de rumo que penso serem úteis:
1. Com a criação da figura do "técnico superior", a orientação vocacional e desenho de um percurso de qualificação à medida do adulto torna-se urgente e extremamente pertinente. Mais do que uma resposta para a certificação o adulto tem que ser orientado para a sua qualificação pelo processo e após este. A relação entre equipas de RVCC e EFA tem que ser reforçada. Assim como a implementação das UFCD tem que ser consolidada em torno de um objectivo comum entre equipas, adulto e sempre com enquadramento do mercado de trabalho e emprego.
2. A componente de formação complementar deve ser sempre pensada em função das necessidades de aprendizagem efectiva do adulto e não só em torno da realização do dossier ou PRA. A aprendizagem é um bem essencial para muitos adultos e com ela se permite uma valorização pessoal e efectiva qualificação.
3. Urge que as entidades competentes, nomeadamente a ANQ e IEFP pensem e avancem com a implementação do RVCC PRO. Urge também que os CNO pensem bem o percurso de qualificação do adulto, não só na sua vertente escolar mas, também e muitas vezes em primeiro lugar, o pensem na valorização efectiva de competências no contexto do mercado de trabalho local e no enquadramento com a regulamentação profissional.
4. O CNO têm que olhar mais para o CNQ. Este instrumento, aliado a um Plano de Desenvolvimento Pessoal bem estruturado pode ser uma ferramenta extremamente útil para a qualificação profissional dos adultos.
5. A ANQ e CNO's devem começar a organizar formação em torno das ofertas, certificações e orientação para as profissões com certificação profissional a fim de dotarem os técnicos superiores e os profissionais de um conjunto de dados úteis, válidos e de resposta efectiva aos adultos em processo. Nunca os CNO podem agir "orgulhosamente sós"!
Ficam algumas ideias gerais. Gostaria de "ler" alguns comentários e sugestões.
Começo por uma questão muito genérica para depois tocar pontos mais específicos ao longo da semana.
Falo dos 400.000 candidatos inscritos no processo RVCC, nível Básico e Secundário. Uma das afirmações que tenho feito publicamente é a valorização deste número. Nunca mais em Portugal se poderá deixar de falar em Educação e Formação de Adultos. Este número prova o desejo de aprendizagem por parte de muitos daqueles que, por um ou outro motivo, abandonaram a escola e ingressaram no mercado de trabalho.
As questões que se colocam são as seguintes: E que escola esperavam encontrar estes adultos nesse regresso? E que mais-valia ganham, efectivamente, ao percorrer o caminho do processo de certificação de competências?
Muitas vezes, em sessão de júri, oiço os adultos falarem as poucas horas de formação frequentadas no processo RVCC. Explicar que este processo é uma forma de ver reconhecida a aprendizagem ao longo da vida não chega. Há, nos adultos, um desejo de "saber mais". A tardia implementação dos Cursos EFA resultou numa visão única para a certificação que foi e continua a ser a do processo RVCC. Este continua a ser um dos pontos fracos.
O outro (e este a meu ver mais grave), centra-se na relação entre o conceito de certificação e qualificação profissional. A obtenção de uma certificação de um nível escolar, por si só, não confere qualificação. Muitos adultos, com profissões que começam a exigir certificação profissional, só sabem ou ganham consciência desta necessidade de qualificação na sessão de júri ou por conversa (e muitas vezes já por notificação) com agentes do seu contexto profissional.
Há então uma necessidade de reformular algumas orientações. Vou deixar algumas linhas de rumo que penso serem úteis:
1. Com a criação da figura do "técnico superior", a orientação vocacional e desenho de um percurso de qualificação à medida do adulto torna-se urgente e extremamente pertinente. Mais do que uma resposta para a certificação o adulto tem que ser orientado para a sua qualificação pelo processo e após este. A relação entre equipas de RVCC e EFA tem que ser reforçada. Assim como a implementação das UFCD tem que ser consolidada em torno de um objectivo comum entre equipas, adulto e sempre com enquadramento do mercado de trabalho e emprego.
2. A componente de formação complementar deve ser sempre pensada em função das necessidades de aprendizagem efectiva do adulto e não só em torno da realização do dossier ou PRA. A aprendizagem é um bem essencial para muitos adultos e com ela se permite uma valorização pessoal e efectiva qualificação.
3. Urge que as entidades competentes, nomeadamente a ANQ e IEFP pensem e avancem com a implementação do RVCC PRO. Urge também que os CNO pensem bem o percurso de qualificação do adulto, não só na sua vertente escolar mas, também e muitas vezes em primeiro lugar, o pensem na valorização efectiva de competências no contexto do mercado de trabalho local e no enquadramento com a regulamentação profissional.
4. O CNO têm que olhar mais para o CNQ. Este instrumento, aliado a um Plano de Desenvolvimento Pessoal bem estruturado pode ser uma ferramenta extremamente útil para a qualificação profissional dos adultos.
5. A ANQ e CNO's devem começar a organizar formação em torno das ofertas, certificações e orientação para as profissões com certificação profissional a fim de dotarem os técnicos superiores e os profissionais de um conjunto de dados úteis, válidos e de resposta efectiva aos adultos em processo. Nunca os CNO podem agir "orgulhosamente sós"!
Ficam algumas ideias gerais. Gostaria de "ler" alguns comentários e sugestões.
1 comentário:
Olá João!
Sem dúvida que as equipas também devem fazer o seu "portefólio reflexivo de aprendizagens", no sentido de se valorizarem e poderem evoluir cada vez mais.
Embora secalhar as minhas mensagens não o trasmitam, penso que estamos num momento histórico, do qual me orgulho de fazer parte. O regresso destes milhares de adultos à "escola" é realmente um sinal da necessidade da qualificação, do saber mais, até da ambição dos portugueses, porque não? É também um sinal da transformação que o mundo do trabalho tem vindo a sofrer ao longo dos últimos anos: já não há empregos para toda a vida, as experiências diversificadas e a formação são cada vez mais valorizadas, não podemos encostar-nos "à sombra da bananeira", sob pena de ficarmos para trás e corrermos o risco de não conseguir arranjar emprego.
Os CNO são cada vez mais espaços de formação, de qualificação, de empreendedorismo, de orientação vocacional, são verdadeiramente comunidades educativas, que não podem ser desvalorizadas, nem no momento actual nem no futuro.
No entanto, como este é também um período de grandes transformações e aprendizagens, temos que pensar o que tem que ser melhorado. E digo tem porque tem mesmo! Se queremos efectivamente qualificar, há ofertas que têm mesmo que ser iniciadas: os cursos EFA, o RVCC PRO (mas alargado a outras áreas e distribuído geograficamente), as UFCD... O que fazemos neste momento aos adultos que fazem uma certificação parcial?... E aos adultos que esperam um EFA quase há um ano? Todos os dias nos telefonam a perguntar... bem sei que temos que gerir as expectativas dos adultos, e quem gere as nossas?...
É necessária mais formação para as equipas! Cada vez mais! Com a panóplia de actividades que os CNO desenvolvem, é necessário não descurar a formação - os novos técnicos superiores, que formação terão alguns em orientação vocacional? Basta consultar os planos de estudos de alguns cursos para saber... É obrigação das equipas fazer formação interna e dos técnicos fazerem auto-formação, mas não chega! A Agência também tem a responsabilidade de proporcionar momentos de formação, até porque poderá mais facilmente convidar instituições e técnicos credíveis e com experiência para o fazerem.
Os coordenadores - que formação têm em gestão financeira, por exemplo? Era importante também terem formação em gestão de equipas, em resolução de conflitos... Não é fácil trabalhar actualmente nos CNO! :)
Fica uma pequena sugestão prática que pode ajudar todos à reflexão, à aprendizagem e à consciencialização da evolução/ adequação das nossas práticas: a criação do nosso "diário de bordo", onde poderemos registar que estratégias utilizámos, com que objectivos, que vantagens, que riscos, como resultaram, o que melhorar, etc...
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