Ninguém deu por isso e pouca relevância foi dada pela comunicação social a este facto.
O Quadro Europeu de Qualificações é um instrumento para garantir a mobilidade no quadro da União Europeia, e deverá ser aplicado a partir de 2010, do ensino básico ao ensino superior, da formação profissional à educação e formação de adultos. E o país dormia…
O sistema de ensino como o conhecemos chegou ao seu fim. Tal como o já tão falado processo de Bolonha alterou profundamente o Ensino Superior, assim se encontram em preparação e aplicação algumas medidas que afectarão o Ensino Básico e Secundário.
Deste a aprovação da também famosa Estratégia de Lisboa que se debate e prepara o aumento da escolaridade obrigatória para o 12.º Ano. Que se remodelam processos de formação, como a introdução nas escolas de Cursos de Educação e Formação, Cursos de Especialização Tecnológica e Cursos de Educação e Formação de Adultos. No entanto, estas pequenas alterações são apenas a ponta de um iceberg muito maior.
A escola regressa à sua natureza de local de aprendizagem. Mas desta vez numa perspectiva contínua e continuada de formação ao longo da vida. Da escola, tal quase como a visão do homem do Renascimento, se levará a base para a integração social e profissional muito mais ao nível das competências que dos conhecimentos.
Este Quadro Europeu de Qualificação trará uma das mais importantes medidas educativas dos últimos anos. Não mais iremos ver pessoas migrantes de países da União Europeia, e estou a pensar nos 27 países, a não poder concorrer directamente connosco. É preciso urgentemente pensar nisto. E pensar nesta escola que emerge novamente como ponto fundamental para a competitividade ao nível individual, das comunidades locais e mesmo a nível nacional. É preciso qualificar. O ensino como o conhecemos acabou. Em 2010/2012 (daqui a 3 ou 5 anos) toda a Europa será um palco de mobilidade ao mesmo nível de acesso ao emprego, à formação, ao conhecimento. E estaremos nós, em Portugal, ainda a pensar no que nos aconteceu quando formos “invadidos” por profissionais qualificados que podem exercer a mesma função que nós em tantos campos mas com um nível de qualificação superior porque fizeram atempadamente o trabalho de casa? Ou como sempre o foi, iremos em dois anos fazer o trabalho de 10 ou mais, e atabalhoadamente implementar mudanças que irão afectar alunos, professores e comunidades escolares? A escolha depende agora de cada escola e de uma estratégia nacional bem pensada, bem definida, que evite o facilitsmo e avance para uma excelência ao nível da estratégia educativa.
É preciso pensar nisto a sério. Antes que morra em Portugal, o Ensino e a Escola.
No entanto, como o país continua a dormir o melhor mesmo é falarmos da Ota e dos jogos pois isto é coisa que só nos cairá em cima quando for preciso….
Artigo Publicado no Jornal Trevim por JL.
1 comentário:
Até que enfim leio um artigo que questione o significado do Quadro Europeu de Qualificações!
Experimentem fazer uma busca na net sobre este assunto e reparem como a maior parte das referências são institucionais (nacionais ou europeias). Onde está a opinião dos especialistas da área e para quando o debate público?
O assunto é demasiado importante para passar despercebido.
Pessoalmente ainda não tenho uma opinião formada. Acho que todos os processos que permitem a validação da aprendizagem não formal e informal são de louvar, também considero muito importante a equivalência das qualificações nos diferentes países e sistemas de educação e formação. Existem, no entanto, perguntas que me inquietam:
1) Que instrumentos e métodos permitem ultrapassar a subjectividade da avaliação e validação dos resultados da aprendizagem – os conhecimentos teóricos e factuais; as aptidões cognitivas e práticas e as competências (como a responsabilidade e a autonomia);
2) Se analisarmos os 8 níveis de qualificação qual deles corresponde à média dos portugueses? Como exercício meramente hipotético – chegamos ao 4º? Ultrapassamos o 3º? (mesmo para aqueles que saem da Universidade);
3) É importante podermos concorrer a postos de trabalho noutros países europeus, mas, por exemplo, os nossos licenciados correm o risco de isso não ser uma alternativa mas sim a única hipótese que lhes resta? (O que fazer quando quase não existem empresas qualificantes em Portugal? Haverá a hipótese dos poucos postos de trabalho qualificado do nosso país serem ocupados por quem sai de universidades europeias mais “cotadas no mercado” ou,por exemplo, por cientista experientes e conceituados que ganham misérias nos países de leste…?...)
Questões e mais questões…
Muito pertinente o seu artigo. Mais uma vez, Obrigado!
Filomena Sousa
www.seradulto.com
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