terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um olhar sobre a Educação de Adultos

Alan Tuckett, recentemente eleito para Presidente do Conselho Internacional de Educação de Adultos (ICAE) numa entrevista para a EAEA News falou da sua experiência na Educação de Adultos no Instituto de Educação de Adultos no Reino Unido (NIACE) de que foi diretor e onde afirma que é importante mostrar quais são os reais benefícios dos investimentos públicos na educação de adultos.

Durante a Conferência “Um mundo onde valha a pena viver”, ouvimos mensagens segundo as quais a educação de adultos não pode salvar o mundo mas pode mudá-lo. No entanto, assistimos hoje a uma total ausência de reais mudanças. O que pensa, então, que deveremos fazer, nós, os educadores de adultos? É só uma questão de tempo? Devemos continuar a tentar, como fizemos até agora? Ou precisamos de transformar a nossa abordagem?
Penso que o desafio está no facto de a educação de adultos continuar a ser um sector marginal dentro do sistema educativo. Mas é um catalisador, um agente de mudança que assegura o sucesso de outras finalidades de política social: na saúde, na justiça, na economia, na manutenção de uma cidadania activa até ao fim da vida, e muitas outras. O desafio para nós é tornar suficientemente visível esse papel de agente de mudança aos olhos dos decisores públicos. E não poderemos fazer isso enquanto continuarmos a conversar apenas entre nós, dentro da nossa “zona de conforto”. Temos que adoptar a linguagem dos economistas, dos sociólogos e dos especialistas em saúde preventiva e precisamos de acumular provas e narrativas de casos concretos.

Quer dizer que precisamos de aprender a influenciar os que fazem as políticas, a saber como os contactar? E a nossa abordagem educativa estará correcta?
A nossa perspectiva está certa. Mas não somos tão bons como pensamos ser no que se refere a atingir todo o leque de pessoas que vivem nas nossas comunidades ou a servir os seus interesses. Gostamos de os ajudar, mas por vias que se conformem com as nossas estruturas. Penso que devemos ser cépticos quanto às nossas abordagens, mas penso também que há um problema, para a maioria dos governos, na compreensão de benefícios que ocorrem simultaneamente em vários sectores. Por exemplo, se gastarmos algum dinheiro na educação de adultos e isso provocar efeitos positivos quanto à saúde mental, temos uma poupança no ministério da saúde. Então, o ministério da educação diz: “Excelente, mas então o ministério da saúde que pague”. E este diz: “O quê? Trata-se de educação, são vocês a pagar!” Quem assume as responsabilidades quanto ao reconhecimento dos efeitos benéficos da educação de adultos? A nossa tarefa, em minha opinião, é gerar de alguma forma uma opinião pública favorável, como vemos nos países escandinavos, onde a educação de adultos é mais que normal e toca realmente todas as áreas da vida.

Foi dito na conferência da manhã que os educadores de adultos não podem cair na armadilha de que sabem alguma coisa e a transmitem aos que não sabem. Como evitar esta armadilha?
Devemos manter o sentido do ridículo e a percepção da nossa própria vulnerabilidade. Claro que não é assim tão simples. Há coisas que podemos ensinar às pessoas, mas também é uma questão importante a perguntar: “O que eu posso aprender com a sua experiência?” Não se trata de considerar certa ou errada a minha experiência ou a de outra pessoa. Se dissermos aos adultos “esta é a resposta”, como é que poderemos descobrir o que teria sido a pergunta?

Qual a sua mensagem para os colegas mais jovens?
A mensagem positiva é que este trabalho faz realmente sentido. Porém, ensinar-aprender é sempre um factor desestabilizador. Devemos sempre fazer o trabalho que pudermos fazer, de melhor forma que soubermos, mantendo os olhos abertos sobre o que nos falta fazer e concebendo maneiras diversas de o fazer. O pior de tudo é deixar de imaginar alternativas.

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