segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Compasso de espera...



Estamos a viver uma época estranha.


Aproxima-se o Outono (os ingleses dizem: "Fall") e com ele, inevitavelmente, alterações na atmosfera e no ambiente que nos circunda. É uma estação que aprecio, devido ao meu gosto cro-maatico (Maat era, no Egipto, a deusa da Verdade), com as folhas a tapetar o chão, numa morte enigmática e magnífica, a preparar-se para um novo ciclo de existência. Neste princípio do fim outonal, há um não sei quê de aperfeiçoamento que nos desembaraça do que não podia continuar a existir. Algumas árvores parecem claramente expressar o alívio de se verem sem os apêndices decrépitos e ganham algum alento; outras parecem chorar, regando raizes com as folhas secas, como se de lágrimas de pétalas se tratasse, desesperando por ver partir partes de si, em quebra violenta de equilíbrio. No entanto, sabem que o acontecimento é apenas uma parte de um processo cíclico de evolução e crescimento. É nesse estado que nos encontramos também quando há alterações no ambiente social que nos circunda.


Algumas das Equipas Técnico-pedagógicas dos Centros Novas Oportunidades ainda se encontram em fase de ocaso, contrariando a desejável e ecológica rentabilização da formação e experiência destes formadores... Há escolas que estão a ver edifícios a ruir porque vão entrar em obras... Outras organizações esperam, num bater cardíaco compassado, por resultados eleitorais...


Podemos, entretanto, aproveitar o intervalo do movimento para nos aproximarmos do essencial. No silêncio ínfimo que se faz ouvir entre a sístole e a diástole, existe um ponto universal de convergência, de onde surgem as ideias geniais. A vida é maior que um compasso de espera.


Sem comentários: