domingo, 10 de maio de 2009

Saber e Aprender...

Um dos maiores desafios da escola actual passa pela valorização da capacidade individual de cada aluno desenvolver em si uma consciência que os saberes que adquiriu no seu percurso escolar são saber em transformação e que requerem novas aprendizagem para a sua consolidação, renovação, reestruturação e actualização e que esta exigência se vai repetir várias vezes ao longo da vida.
No ensino Básico, Secundário e agora no Ensino Superior (com a entrada em vigor do famoso Processo de Bolonha) a formação de base é pensada como a construção de um conjunto de saberes iniciais a desenvolver em percursos de vida e percursos profissionais que enriqueçam e consolidem essas aprendizagens primárias.
Surge assim, cada vez mais interligado com essa formação escolar ou académica uma visão de complementaridade com uma caminhada contínua de aprendizagem ao longo da vida.
É aqui que existe uma necessidade fundamental de mudança de paradigma em Portugal. Temos assistido nos últimos anos à ideia que a posse de um curso de nível superior é visto como o fim de uma caminhada que leva, consequentemente em desejo, ao reconhecimento social e profissional de quem o detém. Mas os tempos mudaram e em consequência o número de desempregados em Portugal atinge grandemente quem possui mais habilitações. Por outro lado, e para compensar este facto, muitos licenciados procuram reforçar ainda mais a sua formação académica de base frequentando mestrados e doutoramentos. Á saída dos mesmos a situação inicial mantém-se. 
É assim preciso mudar em função dos vários percursos que o mercado, a sociedade, a inovação e os tempos procuram como válidos para o reconhecimento das competências pessoais de cada um de nós.
Há que pensar a dimensão da aprendizagem em três campos distintos nos dias que correm. Por um lado a referida formação de base. A formação teórica representa como o saber teórico, um dos pilares mais importantes no desenvolvimento de competências ao longo da vida. O Conhecimento, visto como fonte sustentada de reflexão, produção de saberes estruturantes e prospectivos funciona como o motor de toda uma formação inicial. Esta é a componente onde a Escola tem o seu papel fulcral.
Mas uma das componentes da formação individual que muitas pessoas esquecem é a componente de formação profissional. A verdade é que, a formação profissional em Portugal tem tido, nos últimos anos, um desenvolvimento muito pouco sólido e muito pouco desenvolvido para e em função das competências e do mercado de trabalho. A introdução de um Catálogo Nacional de Qualificações, como o actual em vigor, vem mudar o sistema em vigor para as orientações, falta aferir se também as práticas, de facto, mudarão. Mas a formação em áreas profissionais e com objectivos de desenvolvimento de conhecimentos e capacidades práticas são tão fundamentais como o conhecimento teórico que as sustenta. Hoje, muitos ainda consideram que desta formação não resulta uma mais-valia fundamental pois a encaram como uma secundária forma de aquisição de saberes. Tal não é verdade, assim como, quanto mais ricas e diversificadas forem as experiências de formação profissional mais competências e visões práticas sobre as diferentes realidades pode cada de nós ter.
Por fim, existe ainda um campo que é sempre negligenciado ou desvalorizado. O da auto-formação ou o campo das aprendizagens informais. Tão importante como as anteriores a aprendizagem individual, pela leitura, conversa/partilha, pela reflexão, pela consulta ou assistência de eventos, encontros, espaços de aprendizagem, assim como, auto-reflexão são fundamentais para a produção de um conhecimento individual, próprio, que associado à criatividade, à inteligência e à vontade de produção de novas ideias e novos conceitos resulta num ganho e mais-valia fundamentais para a construção de um percurso pessoal de aprendizagem sólido, rico e relevante.
Fica pois o desafio. Pensar e repensar estes três percursos numa relação entre Saberes e Aprendizagens, desenhando o seu caminho para uma efectiva Qualificação e para um futuro sólido a nível pessoal e profissional. Pensar estes caminhos é pensar hoje um futuro que é já uma realidade presente.
Artigo publicado pelo autor.

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