terça-feira, 12 de maio de 2009

O processo RVCC: Individual

Queria partilhar neste espaço uma ideia que me tem acompanhado e que resultou recentemente de um alerta que me foi lançado. A comparação do trabalho entre centros, modelos de intervenção e metodologias, percursos e recursos é uma realidade que emerge, muitas vezes, da implementação de um processo que, pela sua (ainda) necessidade de reconhecimento leva, muitas vezes, a uma reflexão que se centra nas vivências pessoais, mais do que, na lógica institucional ou transversal. Assim, muitas vezes, fora de um contexto que nos é desconhecido, tendemos a tecer considerações ou observações sobre um percurso, um recurso ou um trabalho sem podermos analisar a fundamentação da sua realização naquela forma. Isto passa-se muitas vezes entre os adultos que, por considerarem que, ao consultarem um Portefólio de outra pessoa que se encontra em processo, quer no próprio centro quer em centros diferentes, tende a fazer uma comparação imediata entre processos (no que diz respeito à duas organização, exigência e/ou qualidade). No entanto há dois alertas que urge fazer:

1. Uma das características do processo de RVCC passa pela sua individualidade/personalização o que torna incomparáveis cada um dos percursos, estratégias, solicitações e resultados finais de cada um dos adultos. Se juntarmos a esta característica o factor de adequação/flexibilidade que os referenciais permitem temos essa realidade que é necessário transferir para os adultos, no que diz respeito, aquilo que se pode resumir na velha máxima de “cada caso é um caso”.
2. Que um processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências que assenta numa metodologia de História de Vida resulta sempre numa diversidade entre casos em processo e não numa uniformidade.

Sinto que, no que diz respeito aos Centros Novas Oportunidades e à comparação do trabalho entre si esta questão está a ser superada pela estratégia de criação de redes de cooperação. Uma das mais-valias que tenho encontrado nos Centros é a sua abertura à partilha de experiências quando promovidas numa ambiente de rede de trabalho. Acompanho actualmente duas redes criadas, a Rede MAPA e a Rede TEIA e o que começou tenuemente com uma simples reunião entre centros é hoje um local de visita e troca de ideias, recursos e soluções. Para as equipas dos Centros Novas Oportunidades é cada vez mais claro que diferentes contextos levam a diferentes soluções e como tal a comparação desaparece dando lugar à cooperação para resolução de situações em contexto próximos e identificados. 
Quando estas realidades não existem, por um motivo ou outro, cabe aos Avaliadores Externos, Directores e outros diversos actores promover uma estratégia de harmonização entre actuações de forma a conseguir essa mesma cooperação. Deixamos dois pontos de partida que, pela experiência vivida por mim, podem ser pontos fundamentais para o reconhecimento do trabalho entre Centros Novas Oportunidades:

1. O convite para a participação/assistência de sessões de júri entre centros na mesma área geográfica ou em outras com o objectivo de partilha de práticas e abertura de uma ponte de diálogo. Muitas vezes o primeiro passo pode/deve ser dado pelo Avaliador Externo.

2. O convite para reuniões conjuntas moderadas por uma entidade comunitária ou por uma personalidade de interesse. Estas sessões, com um reduzido número de participantes (geralmente os elementos das equipas de dois ou três centros) funcionam como mobilizadores de uma primeira abertura no conhecimento entre equipas e no reconhecimento dos modelos de trabalho.

Pensamos que, como já referimos anteriormente, a construção do reconhecimento social do processo de RVCC passa muitas vezes pela identificação de pontos fracos ou a desenvolver e não pela ocultação dos mesmos. Para responder à melhoria desejada e sempre contínua consideramos ter deixado, neste texto, algumas ideias e uma ou outra reflexão que podem ser pontes de ligação entre os problemas e as soluções, todos eles resolvidos por via de um processo de colaboração e cooperação entre pessoas.

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