terça-feira, 12 de maio de 2009

A Metodologia: História de Vida, o que é?

«A história de vida é uma das modalidades de estudo em abordagem qualitativa. O termo História de Vida, traduzido de historie (em francês) e de story e history (em inglês), tem significados distintos. O sociólogo americano Denzin propôs, em 1970, a distinção das terminologias: life story (a estória ou o relato de vida) é aquela que designa a história de vida contada pela pessoa que a vivenciou. Nesse caso, o pesquisador não confirma a autenticidade dos factos, pois o importante é o ponto de vista de quem está narrando. Quanto à life history (ou estudo de caso clínico), compreende o estudo aprofundado da vida de um indivíduo ou grupos de indivíduos. Inclui, além da própria narrativa de vida, todos os documentos que possam ser consultados, como dossiês médico e jurídico, testes psicológicos, testemunhos de parentes, entrevistas com pessoas que conhecem o sujeito, ou situações em estudo. Assim, a história de vida trabalha com a estória ou o relato de vida, ou seja, a história contada por quem a vivenciou. No relato de vida o que interessa ao pesquisador é o ponto de vista do sujeito. O objectivo desse tipo de estudo é justamente apreender e compreender a vida conforme ela é relatada e interpretada pelo próprio actor. Assim, o método de história ou relato de vida “tem como consequência tirar o pesquisador de seu pedestal de “dono do saber” e ouvir o que o sujeito tem a dizer sobre ele mesmo: “o que ele acredita que seja importante sobre sua vida”
Por meio do relato de Histórias de Vida individuais, podemos caracterizar a prática social de um grupo. Assim, “toda entrevista individual traz à luz directa ou indirectamente uma quantidade de valores, definições e atitudes do grupo ao qual o indivíduo pertence”
O método de história de vida, portanto, procura apreender os elementos gerais contidos nas entrevistas das pessoas, não esquecendo, contudo, analisar suas particularidades históricas ou psicodinâmicas. Nesse sentido, histórias de vida, por mais particulares que sejam, são sempre relatos de práticas sociais: das formas com que o indivíduo se insere e actua no mundo e no grupo do qual ele faz parte.
Uma narrativa tem uma função descritiva e avaliadora pois, quando relatamos um facto, na verdade, estamos a ter a oportunidade de reflectir sobre aquele momento. Uma vez que “o sujeito não relata simplesmente sua vida, ele reflecte sobre ela enquanto conta”. Nessa abordagem, o pesquisador respeita a opinião do sujeito e acredita no que diz. Dessa forma, quem faz a avaliação não é o pesquisador, e sim o sujeito (...) o pesquisador e o sujeito completam-se e modificam mutuamente em uma relação dinâmica e dialéctica.
O método de História de Vida ressalta o momento histórico vivido pelo sujeito. Assim esse método é necessariamente histórico (a temporalidade contida no relato individual remete ao tempo histórico), dinâmico (apreende as estruturas de relações sociais e os processos de mudança) e dialéctico (teoria e prática são constantemente colocados em confronto durante a investigação).»
Fonte: aqui.

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