segunda-feira, 11 de maio de 2009

Histórias de Vida: a Pessoa.

«A pessoa produz uma História de Vida que, por sua vez, produz a pessoa:

Esta afirmação aponta para uma perspectiva dinâmica da própria abordagem das Histórias de Vida. De algum modo, ao fazer, ao narrar, a construir a sua história de vida, o sujeito constrói e reconstrói o seu passado e, nessa construção, potencializa e abre o futuro a projectos possíveis múltiplos.
Uma das questões que coloco é a seguinte: como construir e reconstruir esse passado? Proporcionando contextos para a expressão espontânea da narrativa, deixando toda a iniciativa ao sujeito? Ou procurando trabalhar/activar a memória, trabalhando ao nível da rememorização, introduzindo pistas várias? E qual a natureza dessas pistas? Ou deverá antes fazer-se as duas coisas?
Esta questão da memória parece-me importante se queremos afastar-nos dum registo marcado pelo fortuito e/ou ocasional. A memória permite tornar presente aquilo que, mantido no esquecimento, se torna, afinal, inexistente. Ora, quanto mais "rico" for o todo da história de vida, mais ficaremos elucidados sobre nós próprios, reconhecendo incidências, identificando motivações, levantando problemas, decifrando influências, desvelando o modo próprio de olhar, ouvir, estar, sentir, reagir, que sustentam o nosso modo de agir e de ser. E os eixos norteadores e que emergem da história de vida permitem não só a compreensão de si próprio como a melhor compreensão do modo como "lemos" e nos "apropriamos" daquilo que nos é dado, com que vamos sendo confrontados e com que projectamos o futuro.»
Fonte: Maria do Loreto Paiva Couceiro

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