segunda-feira, 23 de março de 2009

Mudança na Realidade: Reflexão.

«Numa sociedade baseada no conhecimento, os indivíduos devem continuar a actualizar e a melhora as suas competências e qualificações e recorrer a um leque de contextos de aprendizagem tão vasto quanto possível. (…)
As lacunas (ainda) a colmatar resultam frequentemente de uma visão por demais limitada às exigências da empregabilidade ou de uma tónica exclusivamente colocada na recuperação daqueles que escaparam por entre as malhas do ensino inicial. Estes elementos justificam-se, mas não constituem em si mesmos uma estratégia de aprendizagem ao longo da vida que seja verdadeiramente integrada, coerente e acessível a todos.»
Fonte: Relatório intercalar conjunto do Conselho e da Comissão Europeia (2004)

Com a Iniciativa Novas Oportunidades num momento e ano de desenvolvimento acelerado, penso que este aviso, como outros realizados no âmbito das análises que têm sido feita pelos países da União Europeia são de ponderar. Não estaremos a centrar a resposta dada pelos Centros Novas Oportunidades exclusivamente “na recuperação daqueles que escaparam por entre as malhas do ensino inicial”? Sei que alguns irão comentar que a criação do Catálogo Nacional de Qualificação responde a essa questão. Mas eu refiro-me à questão do reconhecimento social do processo e não à articulação escola-trabalho. As parcerias entre escolas e empresas, a articulação com elementos, organizações e entidades externas, a capacidade de prospectivar e consciencializar para caminhos de qualificação são estratégias fundamentais para o valor estrutural do processo. São precisas políticas nacionais para responder ao movimento da Iniciativa Novas Oportunidades como um todo. Como uma efectiva alteração do modelo social e pessoal. Tenho a destacar que li, recentemente, um comentário que me deixou preocupado. Dizia uma adulta que tinha acabado o processo de RVC de nível Secundário que se sentia profundamente desiludida pois, apesar de ter feito um trabalho de qualidade no processo e após o mesmo, a sua situação face ao emprego (neste caso, desemprego) permanecia. Sabemos que o momento que o mercado de emprego não favorece a resolução desta situação. No entanto, o que dizer a tantos adultos que querem obter formação ou desenvolver competências depois de terminarem um determinado grau de certificação escolar e que não encontram na lei (e principalmente nas atitudes e apoios) uma possibilidade de resposta para essa mesma vontade? Penso que está na altura de pensar a nível transversal e global. É preciso que esta Iniciativa possa mudar, de facto, a forma como todos olhamos para a aprendizagem ao longo da vida. Que não seja só essa recuperação de percursos escolares ou de qualificação profissional mas, antes de tudo o resto, uma oportunidade para mudarmos a forma como o conhecimento, os saberes, a informação e formação tomam parte integrante, estruturante e efectiva na melhoria do desempenho de cada um dos adultos não só no momento actual como ao longo de um futuro incerto e imprevisível. Urge pois, pensar uma política integrada de resposta à qualificação e valorização pessoal e profissional e não nos limitarmos às conquistas (de valorizar) que foram atingidas. É altura de pensar a longo prazo. Consolidar um projecto é tão importante como o implementar e regular. Se no terreno os Centros Novas Oportunidades começam a pensar em redes de colaboração, precisamos agora, de alertar para a necessidade de políticas articuladas para a integração desta nova realidade que resulte numa efectiva valorização da aprendizagem ao longo da vida. Fica mais uma reflexão.

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