segunda-feira, 16 de março de 2009

Criar uma metodologia: EFA

Vou dedicar algumas reflexões e deixar algumas ideias de fundamento para a teoria que estou a desenvolver para o trabalho na Educação e Formação de Adultos. A ideia de uma teoria/metodologia designada de "Connecting the Dots" (Ligar os pontos) no que concerne à Educação e Formação de Adultos exige alguma reflexão de fundamentação inicial.

Durante alguns anos e acompanhando muitos processos de RVC, vi muitas vezes representações da história de vida, promovidas inicialmente em dinâmicas individuais, que representavam o tempo e a vida como uma linha. Ou como um gráfico. Mas e se o tempo não for linear? E se não passar de uma sequência de acontecimentos a que nós, por uma lógica personalizada, procuramos dar sentido. Lembro-me das leituras das obras de Stephen W. Hawking. Ora, tomemos então como lógico que cada um de nós, com as aprendizagens da vida, nos centramos em momentos que são, para nós, claros, objectivos, emocionalmente válidos e lógicos do ponto de vista das aprendizagens.

Tomemos ainda como ideia de base que, as aprendizagens pela experiência são realizadas num contexto concreto que promove uma competência de actuação nesse mesmo contexto que pode, ou não, ser transferível para outros contextos. Tomemos ainda como base a ideia que muitos destes adultos são, por via do regresso à escola, incluídos num novo contexto: o digital.

Desenho então, com base nestes dois fundamentos uma linha de desenvolvimento para a Educação e Formação de Adultos, tendo por base a teoria "Connecting the Dots".

Tendo por base os princípios fundamentais de um processo de Reconhecimento de Competências, o primeiro passo é “descobrir”, com o adulto, os seus marcos de aprendizagem. Este processo exige tempo, dedicação, humildade e uma imensa capacidade de observação por parte do técnico que acompanhará o adulto nessa “viagem”. Só existe, para esta fase, o caminho da entrevista orientada. Destruindo este termo técnico, o técnico e o adulto devem conversar e pensar. Sobre a história de vida do adulto, mas, acima de tudo, sobre os pontos/momentos de aprendizagem que, ao longo da vida se foram estruturando e consolidando como competências.

Aqui o papel do técnico, como do adulto, será registar esses momentos. Não no sentido de serem uma linha de tempo ou uma história de vida. A ideia é mesmo, tomando com imagens um álbum de fotografias, que o adulto construa esse conjunto de registos, independentes ou sequenciais mas de acordo com a sua própria concepção dos mesmos. Há, no entanto um papel fundamental do técnico. Acompanhar o adulto nesse registo de forma a promover uma forma de dissecar essas vivências e descobrir com o adulto os conhecimentos, aptidões e capacidades. No fundo, o que teremos, no final desta fase é uma história de vida que é um mapa. Um mapa que liga pontos entre si, da forma que o adulto os entende como válidos para si e observando em conjunto com o técnico os saberes adquiridos ao longo da vida. Fica, em imagem, o que poderia ser um desses mapas.

Desenhado este momento, cabe ao técnicos, apoiado pelos formadores, fazer uma análise desses marcos. A proposta de construção de um percurso de formação nasce nesse momento. Tal como o mapa inicial construído pelo adulto a equipa fará um segundo mapa ligando pontos que se transformam em potenciais roteiros de aprendizagem.

O momento seguinte é um processo de negociação entre os objectivos do adulto e o roteiro proposto pela equipa. Se pensarmos no actual momento e implementação do processo de RVC nos Centros Novas Oportunidades, teríamos uma etapa de RVC e outra de formação. Ambas obrigatórias. Complementares entre si. Criadas à medida do adulto e em função de objectivos de aprendizagem claros e prospectivos, ligando pontos da história de vida passada e expectativas para o futuro de acordo com as competências a mobilizar/desenvolver.

E ficam mais umas ideias…

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