sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Recordar: Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida

Em 2000 elaborou-se um Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida. Vale a pena recordar duas reflexões presentes neste documento.
«A cidadania activa incide na questão de saber se e como as pessoas participam em todas as esferas da vida social e económica, quais as oportunidades e os riscos que enfrentam nesta tentativa e em que medida essa participação lhes confere um sentimento de pertença à sociedade em que vivem e na qual têm um palavra a dizer. Durante grande parte da vida das pessoas, o facto de terem um emprego remunerado significa independência, auto-estima e bem-estar, sendo, por isso, fundamental para a qualidade global da vida. A empregabilidade - a capacidade de assegurar um emprego e de o manter - é não apenas uma dimensão central da cidadania activa, mas também uma condição decisiva do pleno emprego e da melhoria da competitividade e prosperidade europeias na "nova economia". Empregabilidade e cidadania activa estão dependentes da existência de competências e conhecimentos adequados e actualizados indispensáveis à participação na vida económica e social

(...)

«A motivação individual para aprender e a disponibilização de várias oportunidades de aprendizagem são, em última instância, os principais factores para a execução bem sucedida de uma estratégia de aprendizagem ao longo da vida. É essencial aumentar a oferta e a procura de oportunidades de aprendizagem, principalmente para os que menos beneficiaram de acções educativas e de formação. Todas as pessoas deveriam ser capazes de seguir percursos de aprendizagem da sua escolha, em vez de serem obrigadas a trilhar caminhos pré-determinados conducentes a destinos específicos. Implica isto, simplesmente, que os sistemas de educação e formação deverão adaptar-se às necessidades e exigências individuais e não o contrário.»

Vale a pena reler todo este documento neste momento da Educação e Formação de Adultos em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

A primeira ideia que me ocorreu quando li "a cidadania activa incide na questão de saber se e como as pessoas participam em todas as esferas da vida social e económica" foi a de: "cidade educadora".

E três ideias (Jaume Trilla):
- cidade como meio educativo envolvente (aprender na cidade);
- cidade como agente educativo (aprender da cidade);
- cidade como conteúdo educativo (aprender a cidade).

Cada espaço, cada momento, cada situação... não são sistemas fechados sobre si próprios. Abrem-se em múltiplas formas de aprender. E absorver. Há diversas oportunidades educativas nas "cidades". Há um nível elevado de entropia e entapia entre todos os sistemas. E isso proporciona uma dinâmica social e cultural. E deveria envolver mais as pessoas, enquanto cidadãos activos e interventivos.

Mas "cidade educadora" deverá ser objecto de aspas. Porque não serão educadoras apenas as cidades no seu sentido estrito. Mas tamém todos os outros espaços. Aldeias, freguesias. Quantas potencialidades ficam escurecidas por sombras que, tantas vezes, não se desocultam? Bibliotecas, museus, centros culturais, monumentos, postos de turismo, espólios históricos, jardins, bustos...

Aparentemente banal. Mas creio que tudo isto contribui para construir cultura e a identidade daquilo que se designa por "aprendizagem ao longo da vida".

Isabel Moio