quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A notícia de ontem...

"Vieira Silva, que participou numa cerimónia de entrega de diplomas do 9º ano a 300 pessoas que aderiram ao programa, respondeu assim às críticas do deputado socialista Manuel Maria Carrilho sobre alegadas fragilidades das Novas Oportunidades.

O ex-ministro da Cultura interveio nas jornadas parlamentares do PS, na Guarda, alertando aí para o "facilitismo" que pode produzir resultados mas mina a credibilidade deste programa que visa ajudar à requalificação educacional de jovens e adultos.

O ministro declarou-se "absolutamente de acordo com o senhor deputado Manuel Maria Carrilho" e reforçou que "o rigor é absolutamente essencial neste programa e em todo o processo de aprendizagem".

Frisou depois que "este processo tem avaliadores externos" e, de acordo com a sua convicção, "provavelmente, há poucos processos de qualificação que têm avaliadores externos, que são escolhidos para irem aos centros das Novas Oportunidades acompanhar e validar os processos que lá se desenvolvem".

A avaliação deste programa vai ser conduzida pelo Professor Roberto Carneiro, que já foi ministro da Educação.

Roberto Carneiro encabeçará uma "equipa nacional e internacional" e, segundo o ministro, "os resultados serão conhecidos este ano".

"Nós estamos comprometidos com a exigência e o rigor e qualquer situação que não se enquadre nesta ambição será por nós rigorosamente corrigida", prometeu.

O programa Novas Oportunidades foi criado pelo actual Governo para reconhecer os saberes e competências adquiridos ao longo da vida por pessoas sem a correspondente formação escolar.

Cerca de 400 mil pessoas inscreveram-se já no Programa Novas Oportunidades, sendo mais as mulheres do que os homens. "Não esperava uma adesão tão maciça num espaço de tempo tão curto", comentou o ministro."

Fonte: RTP

A quem segue este blog: Conseguem identificar este facilitismo ou existe rigor no processo RVC? Deixe um comentário (pode ser anónimo).


3 comentários:

Anónimo disse...

Vou começar por falar da minha experiência como formadora de um CNO. Antes, penso que é importante referir, que já fui professora no ensino oficial, no 3ºCiclo e Secundário, e formadora em vários cursos. Já fui professora correctora de exames nacionais de 12º ano. Sou licenciada em Matemática.
Voltemos ao meu CNO, e começo por dizer que acredito no PROCESSO RVC. Não acreditar no Processo, é na minha opinião, o primeiro passo para o facilitismo. Porque quem acredita, sabe que tem um árduo trabalho a realizar no terreno. Aliás, quem o não tem na educação?E um trabalho, que não é devidamente recompensado...Por isso,quem não acredita, das duas uma, ou sai (o que nem sempre é possível, pois às vezes é a única hipótese de ganhar algum), ou entra muito facilmente no facilitismo.
Agora, pergunto:
-existe facilitismo nas nossas escolas, no ensino da Matemática?
- existe facilitismo na escolha de funcionários públicos?
-existe facilitismo na selecção de formandos para os vários cursos em que são colocados?
-existe facilitismo na escolha das auxiliares de acção educativa, (já fui presidente de uma associação de pais numa escola do 1º ciclo, e sou testemunha de um facilitismo que prejudicou crianças...)
-existe facilitismo na escolha de gestores, ministros, etc?
- ...
Possivelmente, algumas respostas são sim umas vezes, e não, outras.

O que será a educação sem rigor?
O que será a educação com facilitismo?
O combate ao facilitismo, existe e espero que exista sempre... mas por favor, não é uma necessidade apenas do RVC!E a minha experiência é de NÃO FACILITISMO.
1º)O meu CNO, tenta cada vez mais, fazer ver aos adultos que não vão fazer uma equivalência ao 9º ano num mês, dois meses, três ou quatro... o que vão, é mostrar competências adquiridas ao longo de 3, 4, 10, 20, 30 anos... não é fácil passar esta mensagem, mas quando se passa, os resultados são muito positivos.
2º)E, pelo que tenho verificado, também é difícil passar esta mensagem para fora dos CNO´S... porque muita gente ainda pensa que o RVCC é um curso...e não é.
3º)No meu CNO, tentamos ser rigorosos.Cada vez mais...
4º)É evidente, que apesar de não existir uma avaliação quantitativa, os adultos têm níveis diferentes... existe um balanço para cada adulto que é guardado numa base de dados. O Dossier do adulto tem também no nosso CNO, um registo de acompanhamento que poderá ser lido por qualquer empregador.
5º)Nas escolas oficiais, também existem relatórios dos alunos, que são por vezes fundamentais para se acompanhar esse aluno em anos seguintes (isto se o professor considerar esse relatório importante, porque pode não lhe ligar nada...)
6º)As avaliações no 3º ciclo, são de 0 a 5 valores. Ora, um 3 pode colocar no mesmo saco alunos com capacidades bem diferentes...com facilitismo serão proventura todos considerados com as mesmas competências...

Enfim, acredito que existam CNO´S menos exigentes. Mas não é também, o que consta em relação às escolas e faculdades?
A qualidade do Processo, que à partida é rigoroso, dependerá da sua implementação no terreno, onde estão envolvidos: governo, CNO, profissionais, formadores e adultos.
Eu tenho ainda muito que aprender, e é com esse espírito que quero continuar. Sempre atenta para corrigir erros, e valorizar o Processo.

Um abraço

Maria da Luz

Filipe Faria disse...

Olá JL, sigo frequentemente o seu blog pois sou formando do RVCC Secundário e aqui encontro muitas coisas uteis, desde já os meu parabens.
Quanto ao resto, o que tenho a dizer a todas as pessoas que não acreditam neste processo, tanham eles o 12º ano, algum doutoramento ou mestrado, é que se fosse possivel, viessem eles fazer este processo; aí veriam o grau de dificuldade e se há facilitismo, e aprenderiam a dar mais valor a este processo, que a meu ver é talvez mais importante do que a via de ensino normal.

Filipe Faria

Anónimo disse...

Suponho que a palavra facilitismo é usada abusivamente e provavelmente refere-se aqueles adultos que vendo agora uma oportunidade de certificarem competências que foram adquirindo ao longo da riquissima vida, conseguem com motivação e determinismo completar o processo em tempo record. Só mesmo nesta perpectiva é que concebo que a opinião pública julgue poder haver facilitismo. Sou formadora/ professora , estou este ano lectivo pela primeira vez num CNO e a nossa equipa acredita, trabalha sériamente e os adultos confiam em nós.
Leonor Alves