domingo, 8 de julho de 2007

Ser formador...

«Estou convencido que a questão do acesso ao saber permanece mais essencial que nunca. Contudo, os saberes de que se fala não são os mesmos de antigamente. E se as funções que acabam de ser evocadas subsistem plenamente, a sua ordenação pode ser profundamente posta em causa por novas perspectivas do papel do formador, das suas funções e dos seus territórios de intervenção. O conceito de formação dos adultos encontra-se agitado.O que talvez mais profundamente hoje muda é o estatuto que se concede ao saber no seio da nossa sociedade, que alegremente mistura dados, informações, saberes e conhecimentos. Por um lado, a recolha de dados sobre tudo e sobre todo o mundo tornou-se exponencial. O seu tratamento com vista a transformá-los em informações visando objectivos conhecidos ou não revelados transforma-se numa operação intelectual maior naquilo que o Livro Branco de 1995 via como uma “sociedade cognitiva”: uma sociedade onde a globalização, a aceleração da criação de novos saberes e a sua assimilação constituem sempre um dos maiores desafios a que temos de aprender a responder. Os lugares tradicionais do saber, mas também a Internet e seus derivados, os portais e bancos de dados, os centros de recursos, a rádio e a televisão quando querem e as inumeráveis redes de permuta de saber colocam, pelo menos em teoria, todos os saberes do mundo ao alcance da nossa mão. Os inestimáveis contributos das tecnologias e das formações à distância permitem-nos viver toda uma outra ligação ao espaço e ao tempo. Resta progredir no sentido da identificação dos saberes pertinentes num dado momento, para uma dada pessoa ou um dado grupo, e no dos custos reais ou simbólicos de conexão e de acesso a esses saberes, custos tão diferentes segundo os países e os grupos sociais. A sociedade dual começa aqui.»
Ser formador nos dias que correm. Novos actores, novos espaços, novos tempos. Texto da conferência proferida na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa, a 4 de Novembro de 2005. Autor: Pierre Caspar

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