segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Semana Aprender ao Longo da Vida 2017- para bom entendedor...


Começou hoje a Semana Aprender ao Longo da Vida 2017, tendo sido o seu início magistralmente assinalado com o Encontro subordinado ao tema " Educação de Adultos num mundo digital". 

Tive o prazer de assistir aos diversos painéis de oradores deste Encontro, no Grande Auditório do ISCTE, em Lisboa. Muito bem organizado e simpaticamente enquadrado com pausas para café e bolinho, pautadas por uma preocupação quase austríaca com o cumprimento do horário, o Encontro ficou, não obstante, marcado por ausências que se fizeram notar: representantes do Ministério da Educação, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, assim como da UNESCO. 

O Presidente do Conselho Diretivo da ANQEP, Gonçalo Xufre, assinalou a importância do evento com várias referências à visão da Comissão Europeia quanto ao modo como poderemos criar um Espaço Educativo Europeu, procurando a convergência e aumentando a percentagem de pessoas envolvidas na aprendizagem ao longo da vida até 2025, assim como a integração da inovação e das competências digitais na educação. 

O conceito subjacente à Aprendizagem ao Longo da Vida obriga a uma autêntica revolução de mentalidades, uma assinalável mudança paradigmática que implica disponibilidade para desaprender parcialmente informações gravadas nos nossos anéis de crescimento mental.
- Ora "a informação não é conhecimento", pois não, Albert? até porque a informação muda consoante as condições ambientais, tal como se pode verificar nos anéis das árvores: com mais ou menos chuva, a largura dos anéis denuncia anos de seca...E não basta desaprender: é preciso abrir horizontes em direção ao futuro, tão mutável e imprevisível quão proporcional está à velocidade com que se aproxima do nosso presente, estando este, a contrario, ainda muito virado para o passado, em atitudes, convicções, em estratégias dogmáticas, em aulas por vezes anacrónicas e obsoletas. Tendemos a replicar modelos; esquecemos, amiúde, que, agora, é com a ponta do(s) dedo(s) que o mundo se governa nas telas alfanuméricas, em tweets eventualmente aterradores e que, amanhã, 90% dos empregos exigem algum nível de Digital Skills. 

Ouvir os palestrantes falar sobre Aprendizagem ao Longo da Vida na era Digital, foi como uma sinfonia para os meus ouvidos. É nestes momentos que dou comigo a pensar que este evento merecia outro tipo de divulgação, que havia de chegar a muito mais do que 350 inscritos (lotação do Auditório) e, sobretudo, ser tão noticiado quanto foi o Web Summit
Dir-me-ão que "santos da casa não fazem milagres": enganam-se. Só não fazem milagres para aqueles que não os sabem reconhecer. Aliás, está na altura de pensarmos em rever alguns ditados que com a sua suposta "sabedoria popular" minam o progresso e entorpecem mentalidades. "Burro velho não toma ensino" tem efeitos devastadores e contrários à missão a que Portugal se propôs. "A galinha da minha vizinha é sempre melhor que a minha" explica o sucesso da Web Summit e o silêncio mediático sobre a Semana ALV 2017. 

Para bom entendedor.




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