sábado, 10 de dezembro de 2016

EFA | Reflexões, competências, atividades e perfis profissionais



Pelo caminho deparei-me com uma parede que fala. Uma de várias: em Coimbra, são muitas as que verbalizam.
09h20min: a hora marcada. Local: Casa da Cultura. Este seria o espaço onde se realizaria o evento “Educação e Formação de Adultos: reflexões, competências, atividades e perfis profissionais”, promovido pela ANALCE.
Tinha tudo para ser uma manhã de debate. Mas não foi (só). Foi uma manhã e prolongou-se para o início da tarde, perante a resiliência dos estômagos vazios e, em alguns casos, de centenas de quilómetros de distância de casa.
Embora o Doutor João Costa (Secretário de Estado da Educação) não tenha podido comparecer, a quem o representou (Doutor João Couvaneiro) competiu elucidar os presentes relativamente a aspetos mais práticos, respondendo a algumas dúvidas. Foi clarificado, desde logo, que não há a possibilidade de existir um Centro Qualifica por município, mas que se realizará um esforço para que nenhuma zona do território fique a “descoberto”. Neste sentido, pretende-se que a rede de Centros aumente para 300 no início de 2017, motivo pelo qual no início do ano haverá nova fase de candidatura para mais 42 Centros.
Ciente de que a precariedade é uma forte ameaça à situação dos profissionais e à estabilidade das equipas, transmitiu a imagem de que este é um dos aspetos que muito tem merecido atenção.
O financiamento dos Centros sempre foi, é e será uma das questões mais sensíveis; no entanto, à data ainda se encontram a decorrer reuniões interministeriais no sentido de “fechar” este aspeto. As “novidades em breve” deixarão, mais uma vez, muitas equipas numa corda bamba de ansiedade e esperança…
A Doutora Ana Cláudia Valente (vogal do Conselho Diretivo da ANQEP) abordou a questão do contexto de criação e de funcionamento dos CQEP e clarificou, com referência à legislação, o papel dos profissionais afetos às equipas, reforçando a ideia de que estas devem ser tão competentes, multidisciplinares e profissionais quanto possível.
A experiência do Professor Doutor Alberto Melo concede-lhe o inegável privilégio de falar da Educação e Formação de Adultos à luz de um olhar ímpar e irrepetível sobre “os novos ou velhos desafios à Educação de Adultos”. De facto, pelo exemplo que tem sido junto de diversas missões (nacionais e internacionais) em áreas como o desenvolvimento local, a cidadania ativa, a democracia participativa e a educação e formação de adultos… muito teria a ensinar(-nos)! Começou, precisamente, por uma questão retórica: “como falar de 42 anos em 15 ou 20 minutos?”. Soube, na realidade, a pouco.
Por fim, o Professor Doutor Luís Alcoforado incidiu a sua intervenção sobre os “Centros Qualifica: perfis, competências e atividades” referindo, entre outros aspetos de igual pertinência e valor, que os profissionais em educação e formação de adultos devem dominar os princípios epistemológicos da área; saber acompanhar a exploração do vivido, a reflexão crítica, a construção de projetos e a experimentação de novos papéis; conhecer a oferta formativa e os contextos; e ser capaz de criar sinergias.
Não terminou a intervenção sem relembrar que hoje (10 de dezembro) comemora-se o Dia Internacional dos Direitos Humanos. E, precisamente por isso, não poderia ser melhor a data para levar a efeito este debate.

----- // ----- // ----- // -----

Sim, porque a Educação (de Adultos, inclusive) é também um direito, devendo ser pensada a partir dos espaços e dos projetos pessoais e do Ser, do Estar e do Fazer em comunidade.
Mas hoje, para mim, enquanto profissional na área, foi mais do que isto. E mais do que aquilo que cada intervenção nos levou a pensar e a avaliar. Hoje voltei a sentir o espírito que existia nos momentos formativos durante o período de vigência dos CNO.
Perante o ambiente intimista instalado naquela sala da Casa da Cultura, por instantes senti rever a "família CNO" que se juntava nos encontros nacionais e nos cursos de formação descentralizados.
Hoje voltei a sentir prazer em olhar para a sala à procura de "rostos virtuais" com quem, tantas vezes, se constroem discussões que alimentam o nosso pensamento e o fazem crescer. E senti, acima de tudo, que continua a valer a pena acreditar na Educação e Formação de Adultos.

De facto, onde há comunicação, há desconstrução. E onde há desconstrução, há potencial transformador e ecoformativo. E hoje houve comunicação.

Sem comentários: