segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O caminho faz-se com o esforço de todos!

As críticas recentemente proferidas à Iniciativa Novas Oportunidades não são novidade. Já várias individualidades do nosso país se dirigiram a este programa no mesmo tom que o fez Medina Carreira, mas não deixa de ser triste que o façam, sobretudo desrespeitando o trabalho de milhares de técnicos que encaram o seu papel num Centro Novas Oportunidades como uma verdadeira missão, abdicando muitas vezes da sua vida pessoal, para desempenhar a sua actividade com a maior qualidade possível, não esquecendo, por outro lado, os objectivos a cumprir, para que o nosso país possa efectivamente sair da cauda da Europa no que diz respeito à qualificação da população activa.
É ainda mais triste que, desconhecendo totalmente o processo de reconhecimento de competências e todo o sistema nacional de qualificações, não haja um respeito pelos adultos que voltam à escola, muitos passados 30 ou 40 anos, sabendo todos nós com que dificuldades, mas empenhando-se em mudar novamente o rumo da sua vida, agarrando a oportunidade de prosseguirem os seus estudos e de continuarem a investir na sua qualificação escolar e profissional. Estes adultos têm direito a ver reconhecidas as suas competências, adquiridas pelas mais diversas vias, ao longo de toda uma vida, quase sempre de sacrifício e de dedicação ao país, nos mais variados postos de trabalho. São estas pessoas que todos os dias fazem verdadeiramente com que Portugal evolua, com o esforço e o suor do seu trabalho, tantas vezes indevidamente remunerado para a responsabilidade que possuem. Não podemos continuar a ter uma perspectiva elitista da aprendizagem. Não se aprende apenas por via formal, na escola ou na universidade. Certamente que a maior parte dos adultos que acompanhamos nos Centros Novas Oportunidades dariam uma grande lição de vida à maior parte dos comentadores que teimam em criticar este sistema sem o conhecerem na realidade! Pessoas que, mesmo vivendo tempos tão difíceis como os que actualmente vivem, com ordenados em atraso, desempregadas ou com excesso de trabalho, com vidas familiares muitas vezes pesadas, mesmo assim querem estudar, aprender, saber mais, ter um computador, descobrir a Internet, coisas simples para muitos de nós, mas que para estas pessoas podem fazer toda a diferença no rumo da sua vida e da dos seus filhos.
É verdade que todos os sistemas necessitam de uma avaliação rigorosa tendo em vista a melhoria contínua das suas práticas. Não há modelos perfeitos. Todos somos seres humanos, todos cometemos erros, em todas as nossas actividades profissionais. É verdade que precisamos ainda todos de fazer um longo caminho no que diz respeito à qualidade deste sistema, mas é também verdade que todos o estamos a fazer. Tenho tido a oportunidade de estar presente como formadora em diversos encontros/acções de formação de equipas pedagógicas de Centros Novas Oportunidades, e em todos encontrei profissionais com vontade de fazer mais e melhor pela educação de adultos em Portugal, tendo consciência das suas limitações e constrangimentos, criticando, é certo, mas sempre apontando soluções, sugestões de melhoria, boas práticas. Penso que só desta forma, construtiva, com o contributo de todos (incluindo dos que passam estas mensagens para a opinião pública...) se pode efectivamente melhorar a educação em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com esforço tudo se faz.Eu tambem estou inscrita ha mais de 1 ano e espero começar a ter aulas em breve.Quem escreveu isto fez muito bem.