segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Iniciativa Novas Oportunidades: Reflexões com olhos no Futuro

Ao longo dos últimos anos tenho defendido a implementação do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências como uma das maiores mais-valias que a Iniciativa Novas Oportunidades conseguiu trazer para a Educação e Formação de Adultos no panorama nacional nos últimos anos. Esta conquista de reconhecer nos adultos saberes adquiridos ao longo da vida foi uma conquista fundamental dos últimos anos sendo, desde já, um dos factores mais positivos deste movimento em torno da valorização das competências adquiridas pela aprendizagem pela experiência. No entanto, tenho que renovar um alerta. 
Muito se tem falado na qualidade (e já referi que não é factor favorito na minha discussão) do trabalho desenvolvido pelos Centros Novas Oportunidades. Vamos entrar numa fase onde este factor, a que associo o muito mais fundamental reconhecimento social do processo de RVCC, vai pesar em função do cumprimento de metas para um fim. É nesta altura que os alertas fazem mais sentido. Porque o reconhecimento social do processo de RVCC (ou de qualquer outra coisa em que se tenha transformado do processo que agora os adultos terminam nos Centros Novas Oportunidades) depende essencialmente, não de um número final, mas sim de uma valorização efectiva para a sua qualificação. E isso não pode ser esquecido pelas equipas e pela tutela. De nada vale ter um número imenso de pessoas certificadas quando poucas estão, de facto, num caminho ou roteiro de qualificação contínua.

Na minha perspectiva urge pensar e consolidar, nesta fase, algumas ideias:

a) Que se (re)desenhe a metodologia de RVCC em função da prática que os Centros Novas Oportunidades trabalham. Isto é, que e formule uma nova metodologia em função do trabalho prático, teorizando sobre o mesmo, e não procurando aferir o que resta do processo de RVCC no contexto de aplicação prática da Iniciativa Novas Oportunidades. Estamos perante a emergência de uma nova realidade e não na consequência da aplicação do processo de RVCC num contexto. 

b) Que se fundamente a validação das competências num efectivo balanço de competências sobre um contexto de História(s) de Vida e não sobre um relato autobiográfico simplesmente realizado por orientação e co-construção das equipas técnico-pedagógicas.

c) Que se refunde as práticas basilares da Educação e Formação de Adultos, nomeadamente que os percursos sejam ajustados às necessidades e anseios dos adultos e não em função de objectivos técnicos de um sistema.

Consideramos fundamental (re)pensar estes processos num contexto de efectiva qualificação para os adultos. É por isso que, cada um de nós, trabalha. Não para números. Não para metas. Mas para uma qualificação efectiva e uma mudança desejada na Aprendizagem ao Longo da Vida para cada um dos adultos que hoje, procura, um Centro Novas Oportunidades como via de conclusão de um percurso de qualificação…

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