terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Cognição situada e saber prático contextualizado

Tenho sempre para ler, por semana, uma dezena de Portefólios Reflexivos de Aprendizagens de adultos que estão em fase de conclusão do processo de RVC. Nestas leituras tenho reparado na, cada vez maior, situação individualizada do reconhecimento de competências e o afastamento de uma linha muito rica de desenvolvimento de uma análise do saber e cognição situada. Tão importante é a experiência pessoal como o contexto em que esta se desenvolve. Deixo uma ideia fundamental e que pode enriquecer muito o trabalho realizado pelas equipas com os adultos se for pensada de forma estrutural no desenvolvimento dos PRA:

«Um pressuposto que orienta nossos estudos actuais é o carácter “situado” da cognição, ou seja, a ligação indissociável entre o produto de uma actividade, a cultura e o contexto no interior da qual ela se exerce. Desse ponto de vista, a aquisição dos conhecimentos, a aquisição dos saberes, não pode ser considerada exclusivamente como um fenómeno mental e individual, mas como um fenómeno constituído de relações no interior de contextos precisos (Chaiklin e Lave, 1993, Wenger, 1990). Este ângulo de análise considera que a aquisição de saberes, o pensamento e o conhecimento são relações entre as pessoas enquadradas numa actividade no e com um mundo social e culturalmente estruturado (Lave, 1991). Em síntese, o contexto não deve ser visto como um recipiente vazio dentro do qual se inseriria o agir humano, mas como um conteúdo a partir do qual o agir humano tomaria forma. Trata-se de abordar a cultura e o contexto como conteúdos do agir humano e não como continentes desse.»
Fonte: aqui.

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