quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Questões Cruciais sobre o RVCC em 2006...

Encontrei perdido nos meus arquivos de pastas no computador um documento datado de 11 de Outubro de 2006. É um relatório síntese do trabalho realizado no Debate Nacional sobre Educação, no âmbito da temática da Educação e Formação de Adultos. Em 2006 foram estas as frases que destacavam as questões cruciais para os próximos anos... Estamos em 2008, estão resolvidas? Cito:

«As metas não podem ser definidas de forma abstracta e inflexível, mas devem ter em conta as características dos públicos com que cada Centro trabalha (mais ou menos escolarizados, em risco ou não de exclusão, com necessidade de um acompanhamento mais personalizado ou com maior facilidade para processos em grupo, etc.) e do território de intervenção (maior ou menor necessidade de itinerância). Perante metas inflexíveis, a tendência dos CRVCC poderá ser a de aceitar antes de mais os adultos mais “avançados” e rejeitar os que exigirão maior esforço por parte da equipa e mais tempo para chegarem à certificação.»

«Em lugar das metas quantitativas, como único indicador do desempenho dos CRVCC, melhor seria que se assegurasse a estes uma avaliação abrangente e regular, com enquadramento e acompanhamento pedagógicos. E isso é fundamental para assegurar a credibilidade desta modalidade de educação e formação de adultos. “Uma fraude detectada num só Centro vai pôr em causa a credibilidade de todo o sistema”

«A certificação não deve ser considerada como único, nem primordial, objectivo do trabalho dos CRVCC, cuja função-chave é de inserir os aprendentes adultos numa perspectiva de educação e formação ao longo da vida. Nestes termos, é fundamental, antes de mais, proceder a uma selecção rigorosa de quem pode efectivamente ser admitido ao processo de RVC.»

«É extremamente relevante para o bom trabalho dos Centros, a possibilidade de oferecerem respostas rápidas e apropriadas às necessidades dos adultos que os procuram. Para isso, será praticamente impossível trabalharem em isolamento, pois só um funcionamento em rede, numa base territorial, permitirá as necessárias programação e articulação de recursos.»

Ficam algumas das questões colocadas em 2006. Pontos cruciais. Estarão resolvidos?
Fonte: Debate Nacional sobre Educação


1 comentário:

Mafalda Branco disse...

Olá João! :)

Esta reflexão não podia ser mais actual, na minha opinião. Embora todas as questões sejam pertinentes, eu destaco duas, que estão interligadas: as metas e o trabalho em rede. Há Centros com centenas ou até milhares de inscritos e há outros com menos de uma centena, às vezes na mesma zona territorial. Porque é que isto acontece? Não me cabe a mim tentar dar essa explicação, mas parece-me que se os Centros e outro tipo de entidades trabalhassem de uma forma articulada, reunindo, conversando, planificando a oferta em conjunto, isto não aconteceria.
Na minha opinião, os Centros têm que ser cada vez mais pólos educativos, que se aproximem e atraiam a comunidade em que estão inseridos, no sentido de promover o desenvolvimento local. Para isso, não nos podemos deter nas ofertas que já existem, é necessário criar outro tipo de actividades que cativem os adultos e os incentivem a investir no seu processo de aprendizagem ao longo da vida. A educação de adultos é muito mais do que RVCC e EFA!...

Faz falta, sem dúvida, um sistema que avalie/ monitorize/ acompanhe os Centros, não no sentido de inspeccionar, mas de formar pedagogicamente. O ideal seria haver uma estrutura/ equipa de apoio em termos metodológicos, que se pudesse inclusivamente deslocar e proporcionar momentos de formação/ pequenos encontros e reuniões de trabalho, no sentido de uniformizar algumas práticas (não todas, claro, porque as realidades e os contextos são diferentes), porque sente-se diariamente essa necessidade. Por exemplo, relativamente ao processo RVCC de nível secundário era importante acompanhar as equipas, detectar boas práticas e difundi-las, explicar como se operacionaliza... Tudo isto constribuiria, certamente, para uma melhoria do trabalho no terreno e para não se corressem riscos de "pôr em causa a credibilidade de todo o sistema". São centenas de Centros, milhares de técnicos... é preciso acompanhá-los, ouvi-los, senti-los, vivê-los, no terreno e não apenas através de um sistema informático...
Que esta "recordação" de 2006 sirva para todos reflectirmos as nossas práticas e o que podemos mudar/ melhorar para que no futuro as conclusões sejam mais positivas...
Um abraço!
Mafalda Branco