sexta-feira, 1 de junho de 2007

O Dossier/Portfólio de Competências: Uma reflexão.

Da minha experiência como Avaliador Externo, um dos elementos mais importantes, a par com os relatórios de acompanhamento dos profissionais e formadores é sem dúvida, o dossier pessoal do adulto. Gostaria de fazer sobre isso uma reflexão que aqui deixo. Ela é eminentemente pessoal e qualitativa.
O portfólio/dossier que constitui um instrumento basilar no processo RVCC deve ter em conta, na sua estruturação, organização e apresentação. Não há bons ou maus dossiers. Há dossier completos e incompletos. E o que é um dossier completo? Reparo que em alguns CNO a procura é sempre para “encher” os dossiers com todo o tipo de registos e cumprimento/utilização dos instrumentos que apoiam o referencial de competências para o nível B2 ou B3. Uma das regras é, obviamente, o cumprimento dos normativos em vigor. Mas o dossier/portfólio é essencialmente pessoal. E deve reflectir isso. Deve revelar a identidade da pessoa que o elaborou. Deve permitir aos profissionais, formadores e avaliador rever o adulto que se encontra em processo, em todos os documentos e em todas as actividades nele registadas. Como o fazer? Fácil de dizer, difícil de colocar em prática. Deixar o adulto, dentro dos limites da organização imposta pelas práticas do CNO, inovar, modificar, alterar, a sua forma. A forma como o dossier é apresentado. A forma como as evidências são demonstradas e quem sabe, o formato do registo dessas mesmas evidências.
Para além disso, o dossier/portólio deve não só identificar as evidências do cumprimento ou existência das competências a demonstrar, como também o outro lado. O que falta. O que ainda são dificuldades. O que ainda é necessário aprender. Esta construção deve ser guiada pelo profissional. Isto é, não basta estar registado no dossier todo o conjunto de experiências e conhecimentos detidos. Deve haver sempre espaço para o registo de uma auto-avaliação do adulto face às suas dificuldades e melhorias desejadas. Estas podem e devem ser acompanhadas pelo registo também dessa avaliação, agora externa ao adulto, dos profissionais e formadores. A regra é simples, só é possível melhorar, só é possível ao adulto melhorar quando este é confrontado com as suas próprias lacunas em termos de aprendizagem, conhecimento e competências.
O dossier/portfólio do adulto deve ser tão real como a vida. Aquela que ele espelha e parte do futuro que lhe está ali a ser reservado a futuras aprendizagens. O dossier deve ser um instumento de crescimento do adulto. De evidência das necessidades de melhoria contínua.
Um dossier/portfólio completo deve retratar a vida. No bom e no mau. No que já existe e no que falta, a cada um dos adultos, aprender.

1 comentário:

Anónimo disse...

Partilho desta análise quase a 100%. A minha experiência, como formadora de Matemática para a Vida num Processo RVCC, reforça a ideia de que uma Auto-Avaliação do Adulto será um dos momentos que mais frutos pode ter no Processo.Eu penso mesmo, que um dos trabalhos a fazer na minha área, como em todas as outras, é melhorar a capacidade dos Adultos se Auto-Avaliarem. Eu proponho uma reflexão: " Eu só sei que nada sei....",penso que será um primeiro passo para uma caminhada que sendo um desafio, só terá sucesso corrigindo erros. Troca de ideias, fazer chegar à pessoa certa a ideia certa... Contem comigo!ML