segunda-feira, 23 de abril de 2007

Sete em dez trabalhadores só têm o ensino básico...

Dois terços dos trabalhadores portugueses têm uma qualificação escolar que não vai além do terceiro ciclo do ensino básico. Ou seja, 70% da população empregada em Dezembro de 2006 não chegou sequer a frequentar o ensino secundário, sendo que apenas 15,3% o tinha concluído e 14,1% completou uma licenciatura.
Apesar das Estatísticas de Emprego, do Instituto Nacional de Estatística (INE) traduzirem uma progressão gradual das qualificações da mão-de-obra - basta lembrar que em 1998 a percentagem dos que só tinham o ensino básico era de 78,6% -, o ritmo de evolução está a ser muito lento, se a meta for apanhar o "comboio" europeu. O ritmo de crescimento da população empregada com o ensino secundário e superior tem sido de apenas 1,2 pontos percentuais ao ano, nos últimos 20 anos, o que, a manter-se, faria com que fossem necessários mais de 29 anos para atingirmos a média comunitária actual. A análise é do gabinete de estudos da CGTP, a partir das estatísticas do INE e do Eurostat. Os dados daquele organismo estatístico indicam que, em 2002, 42,8% dos trabalhadores da UE a 15 tinham, em média, o ensino secundário e 21,8% o nível superior. Nesse mesmo ano, os indicadores para Portugal eram de 11,3% e 9,4%, respectivamente, quando muitos países do alargamento já então apresentavam indicadores cinco a seis vezes superiores aos portugueses. O documento da CGTP, que vai servir de base ao seu "Plano de Acção 2007 -2008 para a melhoria das qualificações e qualidade do emprego", conclui assim que "entre 2002 e 2006, o fosso entre Portugal e os outros países da UE não diminuiu tanto quanto seria necessário". Um exemplo é o abandono escolar precoce. Em 2006, o Eurostat estimava para Portugal uma taxa da ordem dos 40% nos jovens que abandonam a escola entre os 18 e os 24 anos, que contrasta com uma média de apenas 15,1% na UE alargada. E apesar da taxa de abandono ter baixado, o indicador médio europeu também baixou. A estratégia do Governo para a qualificação, no âmbito do quadro financeiro comunitário, é o reconhecimento desse atraso e uma tentativa para correr mais depressa atrás do comboio europeu. O Governo espera envolver um milhão de activos até 2010 em acções de formação e certificação profissional, apostando no programa Novas Oportunidades.

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