sexta-feira, 20 de abril de 2007

A Posição de Manuel Alegre face à publicidade Novas Oportunidades

O programa “Novas Oportunidades” que o governo está a levar a cabo é uma iniciativa positiva. A preocupação com a qualificação dos portugueses é legítima e as medidas para a elevar são bem-vindas. O que não se compreende é a estratégia de comunicação adoptada para defender o programa. Apresentar um conjunto de figuras conhecidas no papel de perdedores porque não acabaram os estudos é um insulto a todos aqueles que, pelas mais diversas razões, não possuem outras habilitações que não sejam a sua competência e o seu desempenho profissional. Portugal continua a ter índices de insucesso e abandono escolar muito elevados. As qualificações médias dos portugueses continuam a ser bastante inferiores às dos restantes países europeus. Não é apenas a competitividade da nossa economia que está em causa, é o direito constitucional à educação e à cultura, condição da igualdade de oportunidades, da superação das desigualdades, do desenvolvimento da personalidade e do progresso social, que não está a ser garantido. Por isso tenho defendido a ideia de uma segunda oportunidade em educação como um novo direito social. Mas uma coisa é defender uma segunda oportunidade em educação, outra é denegrir profissões apresentadas nesta campanha como desqualificantes. É uma questão de dignidade. Trinta e três anos depois do 25 de Abril, o culto do sucesso pelo sucesso não pode levar ao insulto a todos aqueles que realizam com brio e dedicação o seu trabalho, seja qual for a profissão que exerçam. Manuel Alegre, Presidente do Conselho de Fundadores do MIC

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